quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Descobrindo o mundo...

Arthur, meu menino, está lendo fluentemente... fiquei feliz na 'formatura' da alfabetização. Ele é muito criativo e investigativo.

domingo, 29 de novembro de 2009

O tempo de cada um

Hoje fui tomar café com minha avó (fará 94 anos em março). Conversávamos, eu, ela e minha tia. Minha avó estava com um bordado na mão. Ela não sabe ficar queita, mas por alguns momentos, quando a conversa não a incluía, pois falávamos de educação e universidades, vi que minha avozinha cochilou, os olhos fechados e a pele do rosto relaxada. Lembrei de um bebê que adormece facilmente. Depois ela abriu os olhinhos e eu lhe disse: vó, seus olhos estão fechadinhos, menores, a pálpebra está tomando conta deles. Ela deu um sorriso doce e disse que se fossem só os olhos, era bom, mas todo o corpo tá diferente, mais sono, o corpo mais lento, as pernas que não obedecem

Ela então me disse que tinha vindo a Salvador apenas para tirar nova carteira de identidade, pois a antiga estava com 60 anos. Contou-me que não gostou da foto, toda enrrugada, e que já não reconhece o próprio rosto. Eu lhe disse que era assim mesmo, ação do tempo. 

Com os olhos lacrimejados ela me disse: 'minha filha, meu tempo já deu. Eu já tô passando do tempo de morrer'. E eu, como que intuindo um pensamento que não controlei, só lhe disse: vó, a senhora já se perguntou por que tá 'durando' tanto?, o que ainda precisa aprender? a senhora sempre foi tão independente, tão dona da própria vida, já se perguntou porque está vivendo tanto, perdendo os movimentos e dependendo de outras pessoas para tanta coisa? 

Lembro de minha avó, eu menina, ela andando só para tudo quanto é lado, viajando para nos visitar no sul da bahia, indo a São Paulo  e Rio de Janeiro sozinha, ou bordando, cuidando de alguém, sempre tão útil, tão produtiva, mas lembro também dela, orgulhosa, não aceitou a gravidez adolescente de uma prima, criticando pessoas que erravam, era autoritária, enfim... 

Nós, os netos, tínhamos um certo medo da minha avó. Das suas broncas, de seu jeito duro. Vi quatro tios morrerem, seus filhos, todos em situação complicada (AVC aos 33, tio Waldir, seu filho mais novo, o suicídio de tio Zelito, antes dos 50, depois o suicídio de tio Niva, também antes dos 50, a  cirrose de meu pai). 

A vida machucou mas ensinou muito a minha avó e pelo tempo que ela já dura, deve estar ensinando ainda. Eu, de cá, fico observando o processo de envelhecimento dela, um lindo processo, ela é tão ativa ainda, borda, cozinha e agrada a todo mundo. Rezo pela sua saúde e acho que o tempo dela é de ainda nos fazer feliz...

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

A ave do Paraíso

Tá, completei cinco. Seguindo a tradição (ou seria superstição?), fechei o ciclo de tatoo, pelo menos desse período e ainda revitalizei as antigas.
Eu, até meus 30 anos, tinha preconceito sobre tatuagens. Fiz a estrelinha no pé, escondida e pequena. E o preconceito lá...
Há uma hipótese de que o homem das cavernas, ao ter marcas involuntárias adquiridas em guerras, lutas corporais e caças, passava a ter o reconhecimento do grupo. Partindo da ideia de que marcas na pele seriam sinônimos de diferenciação e status, o ser humano passou a fazer as suas marcas voluntariamente, ferindo o próprio corpo, e com o passar do tempo, essas marcas foram substituídas por desenhos onde se utilizava tintas vegetais e espinhos para introduzi-las à pele. Os mais diversos povos começaram a usar pinturas definitivas por motivos espirituais, em rituais de várias espécies e fins, para a guerra, para marcar os fatos da vida biológica: nascimento, puberdade, reprodução. Mas houve ainda quem tatuassem o outro como forma de desmerecimento.
Eu devo ter sido prisioneira, escrava ou adúltera numa vida passada, talvez tatuada para revelar meus erros, ou apenas para demarcar que era propriedade de alguém, porque sempre tive preconceito de marcas no corpo.
Eu até deixei de namorar meninos tatuados e quando, Binho, meu namoradinho há quase dois anos, apareceu tatuado, foi um desespero. Meu pai deixou de falar com ele e eu fiquei triste com aquela imagem que não desgrudava do peito do moço. Era uma sereia com asas. Achei precipitado aquele jovem bonito, tão jovem, já marcado.
Não demorou e meu irmão Marcelão fez um dragão no braço. Era horroroso! (ele transformou em sereia anos depois). Ah, meu pai quase teve um infarte com o dragão, minha mãe lamentou e eu, mais uma vez, fiquei triste por ele, ainda aos 17, 'dragoado' até a alma!
Vida que segue. Não namorei mais ninguém tatoado. Wil  e Cris  tinham corpos limpinhos. Eu nem pensava em me tatuar.
Quando Arthur nasceu, não sei, acho que revi muitos conceitos. Um deles foi sobre marcas. Eu queria a marca que dissesse ao mundo que eu agora me sentia brilhar. Queria dizer que me sentia guia para alguém e fiz a estrela.
No ínicio dos 30 anos, mais duas: a marca da felicidade, simbolizando que mesmo triste eu teria a felicidade em mim e a fada, que significa que basta acreditar e tudo se realiza.
Agora a frase forte sobre não se importar com coisas menores e para completar, uma ave do paraíso. É que adoro voar, e cantar e isso me leva ao paraíso.

Bom, sei que com a idade minhas tatuagens vão despencar. Já imagino o pássaro todo tortinho ou a frase com letras garranchudas (rs).
Mas curto-as tanto, sinto como partes de mim, e elas me lembram todo o tempo que felicidade, luz, desejos realizados, evolução e paraíso só dependem de minha postura diante da vida.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Unidiversidade é isso

Gosto do clima de uma Universidade, quando ela se liberta dos muros, extrapola e penetra no cotidiano, desensala, desaula e deságua na criatividade e interatividade. A Foto-instalação do Galeria Recôncavo foi tudo isso. Gente apreciando foto, se deixando fotografar



música no ar... E uma certeza de produção acadêmica que revela o empírico, no espírito livre da lente universal e diversa. Foi unidiversidade. Preciso fazer mais isso.


Seguiremos com a foto-instalação para muitos lugares...

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Estética afirmativa... e três noites sem dormir

Como dói minha cabeça. Meus cabelos foram tão esticados, o couro cabeludo se rebelou, inchado, já tem pequenas erupções, sinal do quanto está machucado.
Meu pescoço está duro, teso, frente ao torturante peso extra.
e no calor de Cruz e Cachoeira, toda essa cabeleira fica amarrada.
Já olho para as meninas de trancinhas com pesar. Que estética é esta que as faz sofrer tanto?
Já estou na terceira cartela de sedativo. Continuo dormindo mal, não tem como relaxar com tantas tranças e dreads repuxando a carne. O tempo limite de minha paciência se esgota. Com uma tesoura já cortei parte do aplique.


Sexta-feira, finalizada a foto-instalação, vou reavaliar a minha vontade, mas agora eu só queria dormir sem nada preso ao cabelo.
Eu tenho hora marcada para voltar a ficar quase careca. Meu cabelo curto é muito prático e me dá a liberdade que preciso para a correria do dia a dia.

sábado, 14 de novembro de 2009

Eu sou neguinha

Meu cabelo é liso quando curto e tem cachos grandes quando abaixo do ombro. Eu sempre quis alterar esta estética por algum tempo. Hoje eu consegui.

Fiquei exatas oito horas em um salão para colocar dreads e tranças. A dor me toma todo o couro cabeludo neste momento. Dói até quando balanço a cabeça e estou sob efeito de sedativos. Eu não imaginava o quanto as pessoas de cabelos crespos que querem usar tais acessórios, sofrem. Diz a artista que fez minha cabeça (a bela Ariane), que em dois dias tudo passará e só ficará essa nova imagem por pouco mais de um mês. Queria que durasse até o revellion.
Como o cabelo cresce rápido, folgará e não sentirei mais dores, mas os fios lisos vão deixar as tranças muito soltas e o conjunto ficará sem harmonia.
Andei pelo shopping me sentindo estranha, um cabelo que não me pretence, uma imagem construída artificialmente. Mas gosto do que vejo, só preciso me acostumar.
Dia 20 faremos a exposição Retratos do Cotidianos (na Galeria Recôncavo). Vou estar mais neguinha neste dia. Consciência do meu pé na senzala, da mistura de cores, herança da minha avó materna. Hilda tinha cabelos crespos      



sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Aquila non captat muscas

O exército romano, quando da conquista de boa parte do mundo antigo, utilizava um provérbio para fortalecer sua meta: "Áquila non captat muscas" A águia voa tão alto, que não se presta a capturar mosquitos. O sentido era não se abater por coisas pequenas, não sair da meta por conta de problemas nem dificuldades... temos em todos nós a águia, o nosso lado racional. E neste ponto, o provérbio se refere àquela pessoa que, sabendo que está em processo de evolução, precisa olhar para longe, para o alto e ignorar tudo o que incomoda e atrase na viagem rumo ao destino maior: evoluir sempre.
Um dia Gomach me mostrou essa frase. Confesso que mesmo sem saber o significado, ela me encantou. Meu pai, Aquilino, sempre foi chamado por mim de "Áquila". E quando soube então do seu significado, foi identificação imediata.
Então prometi que carregaria comigo esse provérbio. Assim como carrego a felicidade em Chinês, a fada borboleta (que tudo realiza), e a estrela que guia e ilumina meus passos.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Aquila non captat muscas II

Lá se iam três anos no meu ambiente profissional e eu não tinha encontrado nenhum amigo entre os pares da minha área. Já tinha uns poucos amigos, mas de outras áreas e, se por um lado era muito bom, porque sempre que nos reuníamos nunca falávamos de trabalhos específicos, por outro lado eu me sentia órfã, sem companheiros para pensar projetos e ações conjuntas. Quando ele chegou, pensei que era a resposta às minhas angústias. E realmente era. Ações, projetos, conversas sobre a mesma temática. Fiquei encantada. E logo pensei que estávamos construindo uma amizade. E pela minha disposição, uma amizade que duraria anos, afinal, temos muitas afinidades. 
Mas um dia, do nada, eu me senti ferida pelo meu amigo e parecia que um castelo estava ruindo. O ato em si era insignificante: uma palavra áspera, a acusação oculta, a desconsideração pública, que acabou resolvida em pouco mais de 24 horas. E o que são 24 horas numa relação que deve durar anos? Aquila non captat muscas. Vida que segue, continuamos fazendo as mesmas ações. Agora talvez muito mais profissionais que antes.
 A desconstrução de um padrão de amizade estava estabelecida. O castelo realmente ruiu, porque era de areia, como todas as relações que temos em nosso ambiente profissional. Competitivo por natureza, este ambiente não se permite construções de amizades carinhosas. O tempo é curto, os projetos são muitos, há um clima de tensão no ar e não há mimos e cuidados com o outro. Fala-se o que quer, do jeito que precisa ser dito. Faz-se o que é necessário, independente do outro estar preparado ou não. A Águia que procure amigos fora da Academia.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Com a vaidade de molho

Cabelo, cabeleira, cabeluda, descabelada... meu espelho grita! e sou obrigada a suportar um cabelo sem tamanho definido, sem corte, sem jeito, sem nada!
não posso cortar um único pedacinho, pois estou me preparando para um aplique de dreads e tranças para o dia 20 de novembro: Consciência Negra.
Vamos fazer uma foto-instalação com a temática Cotidianos do Povo do Recôncavo. E eu, curadora e organizadora, vou estar bem afro-descendente.
A artista que vai mudar minha cabeça já me avisou que o aplique deve ficar bom por poucos dias, meu cabelo é misto entre liso e cachos grandes e segundo ela, não vai segurar os fios artificiais por muito tempo, por isso já agendei uma sessão de fotos para eternizar este momento crespo total.
A minha vaidade, que tá de molho, vai entrar numa fase Varal total.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Frustrações de Pedaço de Mim

Ontem vi meu filhote de um jeito que eu nunca tinha visto. Estava cabisbaixo, com um rostinho muito triste. O Play Station quebrou (por falta de cuidado dele, diga-se de passagem), vai passar uma semana no conserto. O primo Lucas (de 11 anos), que também tem o aparelho, não quis emprestar para Arthur jogar um pouco, e meu pequeno estava todo sem graça. Ele deitou numa cama, com cara de drama, como se o mundo estivesse acabando. Uma platéia considerával o assistia (eu, o pai, a avó e a madrasta, neste caso mãedrasta). A TV (com infinidade de opções da Sky) não o atraia e jogar no PC não tinha graça alguma. Só o game novo do Wall-E (o robozinho que limpa o lixo humano) seria a salvação. Vi o super pai ficar com cara desolada, tentando convencer Arthur a se animar com alguma coisa. A avó paterna também não queria ver o sofrimento do neto único, e até a mãedrasta estava incomodada com a carinha angustiada do mocinho. Eu ai entrar nessa, quando me toquei que era uma primeira grande frustração e que não estava vindo pela mão de nenhum de nós. Ele quebrou o PS. 
Aproveitei para contar à família como meu filhote 'cuida' do aparelho (todo dia ele derruba alguma coisa) e era um milagre quebrar agora, com três anos de uso.
Depois aproveitei para lembrar a todos que Arthur tem tudo o que quer, que está sendo sempre satisfeito nos mínimos desejos por este batalhão de amor que o olhava desolado (avó, pai, madrasta e mãe - coloquei a ordem daqueles que o mimam) e que uma frustração desse porte era muito saudável. Vi que me olharam estranho, mas acabaram concordando.
Arthur não conhecia nada que não fosse possível. Nasceu de uma família organizada financeiramente, tudo o que precisou sempre esteve a um passo. As vezes eu e o pai dizemos 'não', mas é só até o próximo salário, ou só quando percebemos que é supérfluo e caro e não traria nada de vantagem. 
Ele conhece uma rotina nos finais de semana de dar inveja (sempre tem cinema, shopping, com direito a lanche no Mac, com aqueles brinquedinhos bobos, que contabilizados, somam uma fortuna, banhos de piscina, as vezes uma praia em local privilegiado e festas com toda a família reunida). 
Estuda em boa escola, estuda inglês desde os 5 aninhos, faz iniciação musical, karatê, futebol, capoeira e vai retomar a natação. 
Tem bike, patins e um tratorzão enorme como opções de brinquedos sadios. 
Nas casas que frequenta (e isso inclui as casas das avós), tem dezenas de brinquedos. 
 Tem plano odontológico, médico e os pais, mesmo separados, saem juntos, tem afinidades e isso dá a ele um núcleo familiar muito interessante, estável e hormonioso. 
Arthur lê bem desde os cinco anos, tem vocabulário muito rico e ao que parece, tem todas as ferramentas para se desenvolver bem.
Por isso fiquei feliz analisando a necessidade de mais frustrações para Pedaço de Mim. 
Não quero que ele ache que a vida é só alegria. Porque sei que o mundo vai lhe revelar dezenas de frustrações e não poderemos interferir sempre. Nem estaremos sempre próximos ou prontos a isso.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Estou cada vez mais longe das gerações que preciso dialogar

Tenho tido experiências estranhas com as novas gerações de graduandos. Ensino em universidades desde 2001. Nos últimos três anos tenho vivenciado situações que não me deixaram boas impressões. Fico me perguntando como estes futuros profissionais vão ser recebidos pelo mercado.
Sempre procuro deixar claro que não estou formando estudantes. Foi assim que entraram no ensino fundamental e médio, e assim o finalizaram. Estudantes. Mas agora não, ajudo na tarefa de formar profissionais, provavelmente colegas de trabalho (comunicadores, documentaristas, roteiristas, jornalistas, gestores de comunicação, assessores, publicitários...). E como futuros profissionais, cobro que tenham maturidade para tanto, em todos os aspectos, incluindo obtenção de conteúdo pertinente, na execução de tarefas práticas, importantes para formação profissional e domínio de ferramentas, mas sem esquecer que ajudo a formar gente e aí, pesam questões éticas, de comportamento, de saber se relacionar, etc. Comunicadores são formadores de opinião, são exemplos a serem seguidos, enfim... que profissional queremos? que profissional formamos?

E por formar profissionais, não fico em dúvida que fiz minha parte, quando vejo um estudante que não se esforçou desistindo da disciplina ou reprovando. Eu sou justa, avalio com dez quando a tarefa efetuada cumpriu o que foi proposto, assim como avalio com nota menor a partir da comparação das produções e do empenho entre os estudantes de uma mesma turma.
Mas tenho ficado irritada com a visão colegial que eles tem da universidade.

Vejo muitos com preguiça de ler, de tentar entender, de tentar dialogar com autores mais complexos. Muitos chegam donos da verdade, acham que os textos acadêmicos são redundantes. Falam de apenas um único assunto em todo o texto e acham que a profundidade de um tema, onde o autor esgota todas as possibilidades, não passa de círculos e 'masturbação' intelectual (estou usando o termo que ouvi). Como explicar então que editores e leitores acreditam na obra, na profundidade da obra e que a 'masturbação' nada mais é do que bom embasamento, argumentos e fundamentação da teoria defendida? E como esses autores redundantes publicam suas obras e são lidos em muitos países?

Estou mesmo distante das novas gerações. De alguns, lá se vão quase 20 anos de distância. Aos 17, 18, muitos ainda não sabem como sentar de forma elegante, colocam os pés em cima das carteiras, como se estivessem na poltrona de casa, assistindo TV. Atendem celular na sala, saem toda hora, interrompendo o andamento da aula e entram também de qualquer jeito em sala, puxando carteiras e deixando claro que chegaram para atrapalhar as atividades. Será que assim o farão durante entrevista para emprego ou quando forem donos do negócio diante de cliente?

Acho tão esquisito ver estudantes de graduação, futuros profissionais, extremamente despojados, sem postura profissional alguma... E como são indelicados em situações que pediam cautela e uma certa diplomacia, com os próprios colegas ou com professores e visitantes...

Como esperam ser indicados por um professor para assumir estágio, emprego, ou chance de se revelar, quando já se mostraram tão imaturos? Não estão conseguindo perceber o valor do patrimônio social que se constroe na universidade. Como querem ser bolsistas se não cuidam do currículo, da imagem e da reputação?

Eu, do meu lado, perdendo o 'T' de trabalhar com os primeiros semestres dos cursos... estou ficando careta.

sábado, 17 de outubro de 2009

A mulher que mora em mim

A mulher que mora em mim encontrou um jeito de ser feliz. Sem esperar nada de ninguém, sem esperar a companhia perfeita, ela só quer se divertir um pouco e depois voltar à vida normal.
Talvez seja só uma fase, mas essa mulher está conseguindo vencer seus próprios preconceitos.
Está mais tranquila, menos estressada, mais colorida, menos formal, com mais ousadia e iniciativa, menos carente e fragilizada, mais segura e por isso talvez, tenha atraído coisas muito boas.
Aprendendo que nesse saco, que é a vida, onde para colocar coisas novas é preciso jogar fora coisas antigas, conceitos e valores também precisam ir para o lixo para alterar o fluxo de energia que é viver.

sábado, 3 de outubro de 2009

Para Arthur Frederico

Hoje descobri que escrevo boa parte dos textos aqui para você, meu pequeno. Hoje você tem apenas seis anos, mas se fosse um homem gostaria de te dizer tantas coisas. E como sei da fluidez da vida, da facilidade da passagem e da impossibilidade de comunicação fácil pós desencarne, fico cá com meu blog, na esperança que um dia você busque no google e ache na net esses monólogos, que tanto queria que fossem diálogos.
Eu sempre achei que não teria filho. Você nasceu e eu já tinha cruzado a fase em que acreditamos que seremos apenas titias, eu já tinha Erick, Isabelle e Victor. Era uma boa tia. 
As vezes acho que sou impaciente com a sua infância e trato 'meu bebê' como um homenzinho. É que nas leituras sobre personalidade, eu li que forma-se um homem a cada dia de vida até os 7 anos, depois, esqueça. Tenho apenas mais alguns meses para tal tarefa (árdua) e melindrosa...
Arthur, és meu bem mais precioso. Eu nunca tinha ajudado a construir personalidades antes. E temo que tal tarefa seja muito maior do que a minha capacidade de discernir o que é certo e o que é errado.
Alguns temas polêmicos, que gostaria de conversar:
Eu uso tatuagens, três e quero mais duas. Fiz tatuagens depois que você nasceu. Mas se você quiser ter tatuagens não me peça. Faça-o depois dos 25 anos, pois antes vou criticar.
Meu mundo é a minha medida, sou meu maior exemplo e não espere que eu concorde com coisas que eu não faria.
Ei, eu não gosto de nenhuma droga. Não é moralismo. Já namorei quem fumava maconha, mas ele não me oferecia. Eu realmente não gosto da mudança de consciência sem domínio. Nunca namorei quem gostasse de beber muito... e não curto cigarro.

Prefiro viagem astral, meditação, sonhos mediúnicos e coisas do gênero.
Alcool muito pouco, só para ficar assanhada, tipo vinho bem acompanhada. E cervejinha gelada em dia de sol.
Seus dois avôs (paterno e materno) morreram em consequência de uso abusivo de álcool no organismo. Veja os maus exemplos, filhote, aprenda com eles, são receitas de como não fazer.

Não trepe com todo mundo. Eu não faço isso. E não é porque sou careta, pudica ou tenho moral mais que os outros. Eu não trepo. Eu até transo. Explico: trepar é animal, não precisa nem saber o nome. Não precisa saber do que o outro gosta, qual a comida preferida, se tem até mesmo sentimento.
Caso queira trepar compre uma boneca de inflar, daquelas de sex shopping; você não vai se machucar nem machucar ninguém.
Já transar é fazer um sexo gostoso, com gente que a gente gosta, mas sem aquele ritual que fazer amor exige.
Eu, filhote, gosto mesmo é de fazer amor, de me preparar, de saber onde e porque estou tocando e sendo tocada.
E no final sobrar um sorriso que me enche a alma. Então tem que ter sentimento.
Fizemos você assim, eu e teu pai, hoje meu amigo, antes namorado por anos e grande amante. Você foi feito com muito amor e foi muito esperado. Por isso eu e seu pai somos amigos. Porque esse amor à você nos une.

Ah, isso é sério: é preciso conservar bons sentimentos por aqueles por quem já nos apaixonamos. Senão negamos nossas escolhas. Como odiar quem um dia escolhemos amar? que erro grosseiro de análise de personalidade se odiarmos nossas antigas escolhas. Tá, tem gente que tem defeitos terríveis e que só descobrimos depois, por isso desapaixonamos. Mas ela tem qualidades, e são essas que devemos focar para manter a amizade.

Voltemos ao sexo. Use camisinha. Sempre. E também dê remédio para não ter filhos para sua namorada, não deixe que a responsabilidade seja só dela. Estás a fazer um ato de amor se não tiveres filho antes da hora. Cuidar de crianças é ph... muda tudo. Mas quando se quer, se planeja e se organiza, como foi no seu caso, muda tudo pra melhor.

Então, vamos aos temas polêmicos ainda. Eu sou de almas, gosto de gente, meu gênero é feminino, mas não gosto de rótulos, por isso não me definiria heterossexual, coisa tão humana. Por isso, se você escolher ser gay, pode me contar sem medo. Eu já me apaixonei por algumas mulheres, seres maravilhosos. E algumas sabem do meu amor incondicional por elas.
Outras não compreenderiam, então tive que guardar pra mim essas paixões. São paixões por suas almas, tão cheias de qualidades.
Já meus amores por homens duraram bom tempo e sempre deram certo. Acabaram porque tudo tem fim, e paixão sempre tem fim... e como ainda não achei ninguém que eu realmente queira ver do meu lado todo dia, com ou sem cabelo, sem dente, sem sexo, sem saco... então ainda estou só. Acho que poupei a mim, com meus grandes amores (Wilson e Cris) de chegarmos à dolorosas separações. Como foi tudo tranquilo, na medida em que os rompimentos podem superar, hoje sou amiga e desejo sempre o melhor para eles.

Ah, Arthur, um outro tema muito sério: Profissão. Filhote, seja feliz, escolha ser feliz e tudo o que fará será bem feito. Descobri que essa loucura de universidade, de já estar na nona disciplina diferente em 3 anos, não me abala. Eu curto tanto lecionar. Fico triste com a falta de tempo pra fazer melhor. Quando estava na UESC e tinha minhas disciplinas definidas, eu era o 'must'. Mas agora, fico estudando, estudando, pensando as melhores metodologias e gasto tanto tempo... não tenho nem tempo pra mim. E pouco tempo pra você... E fico me perguntando se fiz as escolhas certas.

ah, outra coisa que é ph...: escolhas. Olha, nunca temos certeza. Então não fique remoendo, não vale a pena. Já fez? foi ruim? refaça de maneira melhor, recomeçe...

Se um dia você observar minhas carteiras de trabalho e os poucos meses que fiquei em alguns empregos, pense nisso. E o fato de ter começado Letras e Direito, de ter feito jornalismo, mestrado em Meio Ambiente, doutorado em... educação??? será? não sei. Não espere respostas prontas.
Nunca se acomode, eu nunca me acomodei. Por isso tantas cidades, tantos lugares, tantos empregos, tantas casas, sem casamento, sem acomodação...

Por fim, filhote, acredite em algo. Pode ser no universo, na natureza, no seu coração, como fonte de luz e mais, acredite que tudo isso não tem fim. Permanecerás.
Eu acredito na energia que rege tudo isso. Sou feliz assim.

Amo você. Nunca esqueça.

domingo, 20 de setembro de 2009

Sinais

Por duas vezes minha mãe chegou às portas de um centro cirúrgico nos últimos tempos. Por duas vezes, ficou sem comer, se preparou para cirurgia, fez pré-operatório e... nada. Adiada. A primeira era de reconstrução de Tímpano (ela tem os dois perfurados). A segunda, de varizes.
Nas duas, os médicos deram pra trás... ou porque o corpo dela não se comportou como deveria na pré-anestesia, ou por imprevistos outros. E eu fico de cá, só captando os sinais.
Minha mãe quer consertar os estragos que o tempo fez em sua saúde. Não tem nada de vaidade, é pura cura de doença mesmo. Suas pernas tem varizes muito dilatadas, que doem muito e seus ouvidos as vezes incomodam (foram perfurados em consequência da rinite alérgica, pneumonias, etc).
 Minha mãe não teve vida fácil, começou a trabalhar cedo. Foi babá ainda menina, aos 12 anos, foi recepcionista de cinema, comerciária, atendente de médico e tudo sem carteira assinada. Voltou a estudar eu já era menina e lembro de sua luta, ia nos pegar na frente da Ação Fraternal de Itabuna, e do Divina Providência, as escolas que eu e meus dois irmãos estudávamos, cansada, após a aula. Quando eu entrei na Universidade, aos 17 anos, minha mãe também entrou, aos quase 40. Íamos juntas no primeiro ano. Eu entrei primeiro em Letras e Direito. Tentei fazer mas desisti e fui fazer jornalismo. Mas minha mãe não, ela fez vestibular, estudou direitinho e formou no tempo certo! Fez concursos, passou em todos. Aposentou há dois meses de um dos empregos (professora rede municipal). Ainda está super ativa no outro (professora da rede estadual).
Agora vejo minha mãe lutando para recompor esse corpo que é resultado dessas lutas, dessas vitórias. Mas só percebo os impedimentos cirúrgicos como sinais. No caso dela, talvez seja preciso ainda conviver com essas dores e desabores, neste corpo que acumula vivências.
E peço a ela para perceber também esses sinais.

No Pouso da palavra do Damário


Ontem fui ao Pouso da Palavra. Adoro aquele lugar. Já nem conto mais quantas pessoas já levei ali. Mas só levo quem eu gosto. Levei meus irmãos, minha mãe, Inda e Nel, minhas cunhadas queridas, minha ex-sogra-amiga Tanea, minha irmã espiritual Selmística, meu amado orientador Aleschi, minha doce Mary Ann, meu amigo Maurício, meu estimado Murilo, meus companheiros de trabalho Ricardo e de coração Rodrigão e sua esposa-minha-advogada Luciana... e tenho vontade de levar tanta gente ainda... na verdade quero que meus amigos venham todos ao Recôncavo e que eu os possa levar ao Pouso.
Lá tem poesia, tem foto, tem telas, tem desenhos, tem livros, tem axé, tem sorveja (cerveja sorvete de tão gelada), tem artesanato, tem bate-papo, tem música ambiente de terreiro e de raiz, tem histórias e tem Damário...
Quase todo mundo que levei conheceu Damário.
Damário Dacruz: O mentor, o poeta, o artista, o fotógrafo, o anfitrião, o contador de histórias daquele lugar. O Pouso é Damário e ele, respira Pouso.
Ontem Damário me falou que tem ficado mais em Cachoeira, está na quimioterapia, está se recompondo diante de doença que abala. Ele me falou de um tumor e que iniciou uma luta para viver ainda mais, com mais poesia e mais Pouso.
Para uma platéia pequena, eu, Maurício e Mafafe, ele leu Manoel de Barros, com todo o charme e talento dos grandes poetas.
Para ver o vídeo, acesse aqui. 
Falou sobre marketing, sobre construir imagens ou como matar uma marca, deu-me preciosos conselhos sobre a Ascom da UFRB.
E eu só queria ficar ali, bebendo daquela fonte... tirei fotos, gravei vídeo e senti o Risco de que ele falava no seu mais famoso poema.
Todo risco
(Damário Dacruz)

A possibilidade de arriscar
É que nos faz homens
Vôo perfeito
no espaço que criamos
Ninguém decide
sobre os passos que evitamos
Certeza
de que não somos pássaros
e que voamos
Tristeza
de que não vamos
por medo dos caminhos.

Agora eu tenho medo. Medo de não ter Damário quando for ao Pouso. Medo de perder Damário para a doença. Medo de ficar sem o poeta de Cachoeira.
Só me resta rePousar e orar.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Criando um menino levado da breca

Arthur anda a testar a paciência de todos.

 Chora por qualquer coisa... vive a subir em lugares muitos altos e arriscados, não quer tomar banho, todo dia é uma novela para sair da cama e se arrumar para a escola, fica enrolando para fazer a tarefa, só quer saber dos games e filmes, não curte brincar com os brinquedos que realmente são da primeira infância (uma bike, os patins, um trator enorme que tenho aqui e me toma um espaço daqueles, os jogos de armar...) enfim... tive que tomar algumas atitudes complicadas.
Limitei horário de games e filmes, fiz uma lista de tarefas diárias com horários pré-estabelecidos, os castigos estão sempre condicionados aos finais de semana na capital e subtraindo algo que ele gosta muito, como brindes do Maclanche e outras diversões em shopping...

Mas agora entrou em cena um personagem auxílio na reeducação do meu filhote.
Eu, mãe de mente velha, sem ter como ficar aguardando que essa fase aberração passe logo, armei o plano Super Nanny. Há dias a irmã da babá de Arthur está ligando, é a secretária da Super Nanny (aquele personagem do SBT que põe ordem nas casas onde os pais não dão conta). A secretária da Super Nanny é uma figura que faz entrevistas com Arthur, pergunta como foi o dia, se ele se comportou, como ele avalia o comportamento, se há algo que ele precisa melhorar... enfim, uma ferramenta a mais na minha casa, para tentar conscientizar meu pequeno, de seis anos, da necessidade das regras e limites.
Eu dou o roteiro e escuto a conversa. Tem sido interessante. 

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Eu e os remédios, até que a morte nos separe?

Fui ao médico. Passou tantos exames, normal... mas um deles me deixou em alerta: para saber se já fui picada por barbeiro. Fui atrás para saber o que é doença de Chagas, de verdade, saber mais... o resultado do exame não saiu... então eu corro para ficar informada.
O médico achou estranho uma jovem de trinta e pouquinhos com pressão alta, sem histórico de pai ou mãe hipertensos. Mas eu falei de avó, de tios...
Ele disse que essa região do recôncavo é chegada aos insetos barbeiros. Eu já fui à fazendas, áreas de mata por aqui. Normal. Estamos investigando.
Enquanto isso, passou um remédio para controlar a pressão. Minha dieta já está modificada faz tempo. Não entra nada salgado, não como frituras, sou chegada ao queijo branco, leite desnatado e aos legumes e verduras, não misturo carboidratos na minha alimentação... enfim, o que agora me cabe direitinho com essa hipertensão sem motivo aparente.
Esse tal remedinho, que é diário, vai me acompanhar por quanto tempo? o médico não sabe. Nessa primeira consulta, depois de ver alguns exames que fiz no início do ano, quando do check up pedido pela ginecologista, ele só disse: vais tomar pelos próximos 4 meses, quando faremos um Mapa (mapeamento cardíaco e da pressão).
Olha, confesso, ter como companhia diária um remédio não é do meu agrado. Nem quando usava anticoncepcional eu aturava isso, e até mudei para injeções com super dosagens hormonais a cada três meses, só para não ter que lembrar da tal pílula de todo dia.
Mas enfim, cá estou eu, tentando relaxar, mudar meus hábitos com relação ao trabalho, procurando colocar as metas do dia ( e cumpri-las sem exagero), estabelecendo rotinas produtivas mais prazerosas e não admito mais fazer tudo como se fosse pegar o bonde atrasado.
Falando nisso, andei de bonde dentro de Salvador. No Plano Inclinado. E minhas terças corridas, indo para aula do Doutorado (aluna especial, diga-se de passagem), sempre vão vir recheadas de prazer, nem que seja na sobremesa do almoço!!!

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Casa abandonada

Eu acordei dia desses com a terrível sensação de que ia morrer. Chorei. Minha cabeça doia muito, meu coração estava hiper acelerado e tirei a pressão estava 16 por 11.
Marquei cardiologista.

Mas como agora marcamos médico com dias e dias de antecedência, lá fui eu para um retiro espiritual antes de cuidar do corpo.
Ubaíra, Projeto Semente, entre morros, cachoeiras e muita paz, dias sem celular, TV, internet. Dias ouvindo sapo, cigarras, pavão, patos, búfalos... a natureza fala.
No alto de um morro há uma casa abandonada. Subi o morro. Sinto minhas panturrilhas doendo ainda, indícios da caminhada puxada.
Ao ficar de frente para a casa, vi o passado dela, linda, cheia de gente. Uma casa enorme, muitas janelas e portas altas. Construção de madeira, pedras e barro socado, com paredes grossas, sacadas, varandas... mas está vazia há anos, deteriorando ao sabor da chuva, sol e vento. Só há teias de arranhas, poeira e muita sensação de espíritos rondando.
Fotografei a casa, com minha querida Nikon FM10 analógica.


Sentei-me  em frente a casa, sem coragem de entrar.
O insight foi perceber meu corpo como aquela casa abandonada. Caindo, deteriorando, e me dando sinais... 
Tenho um tio que morreu aos 33, AVC. Uma avó que morreu dormindo aos 64, a mãe da minha mãe...

Na volta, dirigindo e ouvindo música, vim pensando que não bastará só ir ao médico, vou ter que mudar muita coisa. Eu preciso buscar mais qualidade de vida, no meu modo de lidar com o trabalho, com meu lazer e com meus romances.
Antes que eu morra.

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Meu corpo não me obedece...

Eu hoje acordei com muita dor de cabeça. Tenho vivido com dores de cabeça que não me largam. Mas hoje acordei bombando. Fui aferir a pressão e levei um susto: acordei com 15 por 10! imagine acordar desse jeito.
Das duas uma, ou meu espírito anda fazendo maratona durante o sono ou realmente eu estou hipertensa com picos noturnos...
Bom, tenho que tomar vergonha na minha cara e encarar de frente que os anos estão passando e que meu corpo está a sofrer alterações.
A cabeça muda e é muito gratificante perceber que a maturidade nos torna mais eficientes para dar conta dos problemas, gerenciarmos emoções, calcularmos os riscos antecipados de empreitadas enormes, comemorarmos os ganhos com a experiência. Mas o corpo também muda e não queremos admitir que é exatamente o oposto.
A cada dia percebo que sou mais dependente dos óculos. Minha coluna queima sempre a partir das 18hs. E agora essa dor de cabeça infernal que não me larga.
E ainda tem as doenças psicológicas da chegada da maturidade! tipo: síndrome do 'estou-envelhecendo-e-isso-não-me-cabe-mais...'
É uma síndrome que acomete mulheres depois dos 30, e aí nos vemos obrigadas a mudar o estilo das nossas roupas, deixar de frequentar lugares muitos jovens e 'ficar' com gente jovem, com medo de ser ridícula. Aliás, as mulheres que hoje tem 35, 40, 45, não sabem nem dizer que ficaram... se acham velhas para ficar.
Ou ainda a síndrome do 'vou ficar quieta, que passa'. Essa é uma doença psicossomática por conta das alterações do corpo. Então a mente começa a agir de forma a neutralizar os efeitos da idade sobre o corpo e acha que deve-se mudar o ritmo para que o corpo não sinta tanto. Eu vivo isso. Trabalho feito uma condenada de segunda a sexta. Aí na sexta, parecendo até que guardo o sétimo dia, feito os judeus, não quero fazer nada até 17hs de sábado. É como se minha energia tivesse descarregada... e talvez tenha sido mesmo. Sabe essas doenças que passam a fazer parte da gente????

terça-feira, 28 de julho de 2009

A diferença entre nascer e morrer

Lembrei dos nove meses que antecederam a chegada do meu filho.
Os primeiros enjôos e uma sensação de corpo em alteração, já a demonstrar que a minha vida mudaria. Uma preparação para a nova vida que chegaria.
Foram nove meses de expectativas, algumas inseguranças, outras certezas, ... tive tempo para rever meus conceitos, mudar meus hábitos, inclusive ficar sem  beber refrigerante por toda a gravidez e pelos dois anos e meio em que eu amamentei. 
Tornar-me mãe, como algo a se aprender a ser, com a chegada de um bebê.
Um bebê que significava a renovação da minha vida, na continuidade de meu nome, de meu sangue.
E quando ele chegou eu estava madura. Foi uma transição natural.

Fiquei pensando na morte sob o aspecto da espera e da preparação. Imaginei se as pessoas fossem avisadas nove meses antes, se o nosso corpo se alterasse ao ponto da morte chegar como um descanso, após um período preparatório. Como tudo seria diferente.
Teríamos tempo de amadurecer a ideia e deixarmos a mente envolvida de tal forma, nesses preparativos, para uma passagem tão tranquila quanto é a chegada de uma vida.

domingo, 26 de julho de 2009

Minha geração está morrendo

Um dia, ao entrevistar minha avó, que tem 93 anos, perguntei o que era mais complicado no processo de envelhecimento. Ela me respondeu que era ver seus filhos, seus irmãos, seus amigos morrerem... ver o outro, seu contemporâneo, que você estima a convivência, ir para um lugar desconhecido, ou apenas desaparecer, conforme a crença, é realmente muito complicado.
Hoje perdi um amigo. Uma pessoa que só me traz boas recordações. Calma, tranquila, que estava sempre com um sorriso. Não era da minha convivência diária, mas nas vezes em que nós nos encontramos, nesses quase nove anos em que o conheço, era sempre uma pessoa muito agradável.
E como eu conhecia a sua vida familiar, sabia de alguns de seus projetos, de seus sonhos. E só consigo pensar no quanto ele era jovem para morrer.
A minha "ficha caiu" quando percebi que é um contemporâneo meu, indo embora. É alguém de minha idade que tem seus dias terrenos interrompidos.
Ontem eu estava tão mórbida, a morte rondava os meus pensamentos, não a minha morte, mas a morte, a perda. Talvez intuitivamente eu estivesse sendo avisada dessa perda. Recém casado, deixou uma esposa jovem e cheia de sonhos. 

Com a net até o pescoço

Estou prevendo um futuro com LER (Lesão por esforço repetitivo)... , o ortopedista detectou o início, por conta de dores que queimam os músculos da escápula e formigamento nos dedos. Tá certo, eu fico horas no computador, boa parte delas, conectada até a alma.
Imagine uma criatura que responde mais de 30 mails institucionais por dia, a home institucional sou eu quem alimenta com o conteúdo das reportagens que faço, também faço os releases da ascom da UFRB, tenho três endereços eletrônicos oficiais, onde recebo mensagens ligadas ao meu trabalho. Atualmente temos praticamente reuniões via mails!!! 
Ah, alimento a página do projeto LINK recôncavo (www.ufrb.edu.br/linkreconcavo), supervisiono a página da Galeria www.ufrb.edu.br/galeriareconcavo, faço um trabalho social de gerenciar e alimentar a página de um Centro Espírita que frequento, tenho três blogs (que tento alimentar quando dá!), um site oficial... que andou meio esquecido com tudo isso, ah, um email pessoal, que graças aos céus, não é esquecido pelos amigos.
Tá, ainda tem os scraps do orkut, e arrumar os álbuns, porque afinal, os amigos que estão longe, merecem fotos novas de vez em quando !!!!

É, enquanto isso, braço, dedos, escápula, todos reclamam. Eu já tenho uma postura péssima, imagine então sentada em frente ao PC...
Mas não sei mais como ter vida inteligente longe disso tudo. Agora estou me integrando ao ambiente virtual de aprendizagem da UFRB, o moodle. Minhas disciplinas serão monitoradas por lá... e se vacilar, vou entrar no second life, para ter uma vida dupla na net (rs)... aí, sim, ficarei com a net até o pescoço.

sábado, 25 de julho de 2009

No Databases da vida

Finalmente consegui ter tempo pra postar um vídeo na net, dos mais de onze anos em que fui repórter de TV, guardei muito pouco.




Agora postei um vídeo do tempo em que eu pensava que seria repórter para o resto da vida (eu achava que ia morrer cedo).
Hoje talvez ainda seja cedo, mas já superei a fase repórter. E antes de morrer (estou mórbida!), já posso mostrar como eu até dava conta do recado!
Mas de nada me serviu ter sido repórter, ter editado boa parte de minhas matérias que saíram melhores (provando que eu era boa editora), ter sido produtora e até a breve passagem pela apresentação de telejornais (fui apresentadora durante os nove meses de gravidez...), pois eu não sirvo para ser professora de Telejornal na Universidade que sou concursada. E pasmem, passei na disciplina de comunicação audiovisual, com ênfase para foto e vídeo!!!!

Bom, mas aí já é assunto para outra postagem.