sábado, 30 de julho de 2011

O processo de libertação

Minha avó diz que já não aguenta mais viver. Reclama que Jesus esqueceu dela aqui na terra. Já tinha relatado um pouco desse sentimento do 'tempo demais'. Mas ele tem se intensificado muito nos últimos meses.
Agora apareceu um problema de saúde. O coração cansado tem dificultado a vida dela, está faltando ar, já foi internada duas vezes. E no Conde (a 180 km de Salvador) não tem UTI, de modos que ainda precisa pegar a estrada pra Salvador para ter bom atendimento.
Ela esteve aqui há alguns dias, para conhecer minha nova morada. Gostou de tudo mas não pôde subir as escadas para conhecer o andar superior e ficou triste com isso. As pernas já não tem mais forças para levá-la aonde quer ir.

Também já tinha relatado esse processo de perda de algumas capacidades e de como isso irrita minha avó. Ela foi ficando mais lerda, mais sonolenta, com a coordenação motora mais complicada, e não vivencia isso com tranquilidade, porque sempre foi muito ativa.
Vejo minha avó em um processo de libertação da vida que nunca tinha visto antes. Já tinha visto alguém dizer que não queria viver muito: meu pai. Mas em Áquila o processo foi estranho e complicado. Dizia, quando eu era criança, que queria viver até os 50 anos e que depois disso, cada ano seria de graça. E depois dos 50 ele realmente se entregou: à bebida, ao cigarro, ao descaso. Morreu aos 68 com cirrose.
Já a mãe dele não. Aos 80 ela viajava pra tudo quanto é lado. Aos 90 ainda cozinhava, bordava muito bem, enfim...

Agora, 95 completos com linda festa em 11 de março de 2011, ela se entrega, como quem já foi premiado pela vida longa e cheia de desafios e tendo conseguido vencê-los, espera apenas o podium (um canto para descansar).
Penso e repenso no que é envelhecer cada vez que vejo minha avó. Definitivamente ela é muito abençoada, mas ao mesmo tempo, ela está certa em não querer definhar.


Ela é muito lúcida e não quer dar trabalho a ninguém, nem quer se ver improdutiva completamente. Amo tanto minha avó. Pelo exemplo, pela garra, pela autoridade que a idade lhe concede e pela sabedoria diante dos revezes. E fico tão feliz de Arthur poder conhecê-la. A bisa amada.


Ao mesmo tempo em que quero minha avó conosco, fico pedindo a Deus que não a deixe sofrer, ela não merece. Fizemos um vídeo pra ela (eu e JR)... Tempo de Nira. Por que meu vídeo 'Tempo Demais' ainda está apenas na minha cabeça.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Um monstro chamado mentira

Terminei um relacionamento bom, e quem pergunta eu conto porque, e as pessoas avaliam que foi por muito pouco. Por muito pouco... já eu fico avaliando o que as pessoas consideram pouco.Foi por uma 'pequena' grande mentira.
Eu imaginava que era algo na vida de alguém, porque todas as pistas levavam a crer que eu era especial. Mas tudo não passava de um grande equívoco. Daqueles que só se explicam quando paramos para analisar cada questão.
E Arthur, quando viu minha vida solitária outra vez perguntou porque terminamos. E respondi: porque ele omitiu e mentiu.
E aproveitando a oportunidade para me deixar conhecer mais pelo meu filho, eu disse: 'não gosto de mentiras e não quero conviver com quem mente pra mim'. Os olhinhos do meu menino se encheram de lágrimas. Ele me olhou cheio de culpa e disse: 'mamãe, eu já menti pra você. Você não quer conviver comigo?'
E respondi na lata: 'filho, é diferente. Aceito que você minta pra mim por pouco tempo, mas que não demore a me contar a verdade, seja ela qual for. Eu sou sua amiga e seja lá o que for que você mentiu, eu vou te perdoar se a gente conversar e se entender. Nada se sustenta com mentira'.
E ele: 'foi uma mentirinha leve'.
Nós nos abraçamos. E acho que selamos um acordo.
E depois fiquei pensando sobre meu relacionamento baseado numa omissão e numa mentira. Quando alguém omite algo, cria um universo falso. Deixamos de ter informações que nos subsidiam na hora de tomar decisões.
E quando mente, mascara uma situação, além disso subestima nossa inteligência. E não tem nada pior.
Estou sofrendo a perda da companhia. Da pessoa que já era muito querida, porque havia conquistado meu coração e já esquentava minha alma. Mas por outro lado não perdi um companheiro. Porque companheiro de verdade divide tudo, até as coisas mais complicadas, como se expor e admitir que errou.
Mas sinto o afastamento. Natural, já que estávamos juntos há algum tempo e não desgrudávamos nas horas de lazer.
Sinto falta de compartilhar coisas do meu dia a dia, sinto falta de ter em quem pensar. E fiquei com minha crença, nas pessoas, bastante abalada. Mas aprendi mais uma: Se uma relação termina porque não fomos tratados como merecíamos, é melhor esquecer!, nem amigo dá pra ser. Um amigo não destrataria outro amigo.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Quem realmente sabe, não tem medo de ensinar

Vivi a experiência fascinante de aprender com mestres na última visita a SAMPA. E só tenho a agradecer a generosidade deles. O primeiro foi Cacalo, que abriu seu estúdio e me concedeu uma entrevista sobre os maiores desafios de fotografar automóveis. O segundo foi Eduardo Masami, professor do Bacharelado de Fotografia do SENAC, que me ajudou com tanta gentileza a escolher um novo corpo de câmera e equipamento para um mini-estúdio.





É impressionante que, quem realmente sabe das coisas, não tem medo de passar adiante. E não tem nada melhor que aprender com mestres.

sábado, 2 de julho de 2011

Eu também sou Magdalena

Minha bisavó era Antonia Magdalena. Minha avó, Hilda Magdalena. Minha mãe, por erro do escrivão, Marilene Madalena. E eu sempre achei bonito aquele Madalena ou Magdalena no meio do nome dessas mulheres que tive como referência. Hoje descobri:
O nome Alene é de origem Tcheca - é uma abreviação tcheca e húngara de Magdalena, que é um nome hebraico e significa, cidade das torres ou muralha.
O mais curioso é que meu pai, Aquilino, pegou o A, primeira letra do nome dele e juntou com o final da minha mãe, o lene da Marilene. Coisa de casal que se ama, ao nomear a primeira filha...