terça-feira, 8 de setembro de 2009

Casa abandonada

Eu acordei dia desses com a terrível sensação de que ia morrer. Chorei. Minha cabeça doia muito, meu coração estava hiper acelerado e tirei a pressão estava 16 por 11.
Marquei cardiologista.

Mas como agora marcamos médico com dias e dias de antecedência, lá fui eu para um retiro espiritual antes de cuidar do corpo.
Ubaíra, Projeto Semente, entre morros, cachoeiras e muita paz, dias sem celular, TV, internet. Dias ouvindo sapo, cigarras, pavão, patos, búfalos... a natureza fala.
No alto de um morro há uma casa abandonada. Subi o morro. Sinto minhas panturrilhas doendo ainda, indícios da caminhada puxada.
Ao ficar de frente para a casa, vi o passado dela, linda, cheia de gente. Uma casa enorme, muitas janelas e portas altas. Construção de madeira, pedras e barro socado, com paredes grossas, sacadas, varandas... mas está vazia há anos, deteriorando ao sabor da chuva, sol e vento. Só há teias de arranhas, poeira e muita sensação de espíritos rondando.
Fotografei a casa, com minha querida Nikon FM10 analógica.


Sentei-me  em frente a casa, sem coragem de entrar.
O insight foi perceber meu corpo como aquela casa abandonada. Caindo, deteriorando, e me dando sinais... 
Tenho um tio que morreu aos 33, AVC. Uma avó que morreu dormindo aos 64, a mãe da minha mãe...

Na volta, dirigindo e ouvindo música, vim pensando que não bastará só ir ao médico, vou ter que mudar muita coisa. Eu preciso buscar mais qualidade de vida, no meu modo de lidar com o trabalho, com meu lazer e com meus romances.
Antes que eu morra.

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