terça-feira, 3 de agosto de 2010

Das dores de mãe

Volta e meia me vejo em crises nos últimos anos. E em boa parte delas, o papel de mãe é colocado no tabuleiro da vida e eu, sempre em xeque-mate. Mudando de cidade, vivendo longe da minha família, buscando emprego para ter a tal estabilidade e o que me move? um garotinho. Um ser que me escolheu para que eu o eduque e o ame, para que eu caminhe sempre com ele em pensamento. Porque ser mãe, mãe de verdade, é cometer uma auto-anulação, não como sacrifício, nem como necessidade, mas por opção. Porque o garotinho é o sentido de minha existência. Antes dele, eu não via sentido em viver, achava a terra um saco e essa encarnação, extremamente caótica. Ainda acho tudo isso, mas aceitei a missão de criá-lo e é nela que vejo graça em permanecer. Agora, pela segunda vez, estou me desmamando do papel de mãe integral, porque o meu Arthur Frederico, pela segunda vez, está morando com o pai e fica comigo apenas nos finais de semana. Coração aos prantos, acordando de madrugada, choro fácil, taquicardia, pressão instável, olcadil, isolamento, dificuldade de concentração, pessimismo... é crise. Mas crise, segundo os chineses, é tempo de mudar, oportunidade de repensar. E tenho repensado o meu papel de mãe.