domingo, 5 de setembro de 2010

Das escolhas que fazemos

A vida, definitivamente, é um emaranhado de escolhas que resultam naquilo que nos tornamos. Escolhi sair de Campo Grande. Formada. Livro escrito, dez na nota final do TCC, convites para iniciar a carreira acadêmica, uma carreira que deslanchava como assessora e repórter. Mas escolhi, ESCOLHI, vir para a Bahia. E lá se foram alguns sonhos adiados. Juazeiro foi a cidade onde arrumei o primeiro emprego como jornalista na Bahia. Tudo de novo, provar que sabe fazer, ralar por salário baixo... até que um dia coloquei a primeira matéria na GLOBO rio, e aí não precisava provar mais nada. Mas o salário ainda era baixo, mais baixo que o pior dos salários de Campo Grande. Comecei a namorar um moço naquela cidade. Escolhi ir embora. ESCOLHI continuar o namoro na distância, que tinha altos e baixos. Escolhi ter com ele um filho. Escolhi permanecer longe dele quando o filho nasceu e escolhi terminar com ele quando a relação estava mais pra baixo que o normal. ESCOLHI ser mãe sozinha e solteira, mas como amávamos o nosso menino, e ele tinha sido planejado, escolhi fazer um concurso e arrumar um emprego perto do moço, para que o meu filhote tivesse a presença do pai, que agora morava em Salvador. ESCOLHI. E fui fazendo essas escolhas, que me colocaram cada vez mais em situações de desapego da minha própria vida. Escolhi a família do moço como porto seguro da minha vida, que ficou estagnada, parada em algum lugar do passado. No concurso que fiz, ESCOLHI uma profissão que não é do meu perfil, eu, tão prática, tão ativa, tão de ir e fazer... escolhi a Academia, onde o pesquisar vale mais que o ensinar e o praticar. Escolhi tanto... e fico de uma janela observando o resultado dessas escolhas como se pudesse dar um rewind nesta fita de vídeo que não vai para canto nenhum.