sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Um dia para repensar o sexo...

Ontem me deparei com o 'Dia do Sexo', criado sei lá por quem, sei lá com que motivo, mas que eu tomava conhecimento pela primeira vez na vida. Atualmente sexo é algo tão trivial, banal e inconsequente, que fiquei me perguntando se merecia um dia especial. Talvez 'Dia do sexo consciente' (valorizando a importância das relações corpóreas como algo espiritual), ou dia do 'sexo responsável' (para que tanta criança mal amada não venha ao mundo), ou dia 'do sexo com amorosidade' (da importância de retomar o 'fazer amor'), ou dia do 'sexo para todos' (para incluir a terceira idade, os religiosos e aqueles que de alguma maneira a sociedade alimenta a ideia da castidade como característica). Mas aproveitei o dia para repensar sexo e não poderia deixar de escrever um pouco sobre isso. Tive a grata sorte de ter um pai libertário, que, desde muito cedo, me ensinou que sexo é algo natural, instintivo, mas que necessitava de responsabilidade. Tive minhas brincadeiras de criança, exploratórias, onde a masturbação se revelou como algo prazeroso e sem culpa. Depois, por obra harmônica do universo, tive namoros construídos com muita amorosidade e respeito, e foi assim que fui vivenciando o sexo como ação a dois, de entrega e doação.
Fiz Arthur no dia em que eu quis, com quem eu quis, foi um filho planejado. Foi um sexo que  tinha uma finalidade muito própria (foi um dos meus Dia de Sexo mais presente, no sentido de consciência do que eu estava fazendo)...
Espírita de leituras técnicas e de visitas a diversos centros espíritas diferentes, ouvi algumas palestras sobre sexualidade e reproduzo o que lembro, mixando as lições que ficaram.
 Por muito tempo homens e mulheres tiveram direitos diferentes ao uso do próprio corpo. Sociedades estabelecidas para se ter certeza da origem dos filhos, herdeiros de títulos e propriedades, as comunidades, de maneira geral, estabeleceram que mulher deveria ter dono. Que sorte dos espíritos que encarnavam como homem, pois estes tinham direito a ter diversas experiências carnais, se envolviam com diversas pessoas ao mesmo tempo e nunca recebiam uma palavra social ou religiosa que os enviassem ao inferno.
Já os espíritos que encarnavam mulher, coitados, precisavam ter condutas ditadas por regras machistas, viverem em comunidades patriarcais em sua maioria e se limitavam ao que era aceito para elas. Mas se espírito não tem sexo, qual o sentido dessa diferença? 
 Hoje, quando percebemos que sexo ficou banal, estamos observando as mulheres no mesmo caminho masculino. E o sentido do sexo se perdendo... 
Algumas seitas e filosofias orientais pregam sexo como expansão, momento de conexão de energias entre dois seres distintos, que se dispõem a doar, através do toque recíproco, seus líquidos, fluídos, cheios de suas essências (saliva, suor, sêmem, secreções de toda ordem e sangue, muitas vezes se misturam). 
Sexo é ainda transgressão, liberdade, no sentido de que, embalados por quatro paredes, os dois seres podem ousar, utilizar não só as partes erógenas mas todo o corpo para esse momento de conectividade. E essa conectividade exige intimidade, confiança, aceitação completa do outro, desde características físicas, cheiros, sabores, até as características psicológicas... porque nesta troca de energia, o yin completa o yang e vice-versa. Então há simbiose energética. 
 Se uma das partes não se doa, o que ocorre é vampirismo, é uso, é a sensação vazia de que um foi sugado e o outro sugou apenas. Nesses tempos de 'ficar', onde o que menos importa é o envolvimento, acho que dia do sexo deveria ser um dia para reeducação sexual pautada no respeito ao outro, homem ou mulher, ser envolvido no ato mais divino que o universo nos concedeu.