segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Meu adeus ao Conde

Minha vida inteira tive uma relação umbilical com o Conde, município a 180km de Salvador, no litoral norte. Todos os anos da minha infância e boa parte da adolescência, nas férias, uma viagem era obrigatória, para ver avós, tios, primos, e vivenciar sabores, cheiros, cores e emoções que só se vive em casa cheia de gente. A vovó morreu no ano passado. E com ela morreu o último grande motivo de ir ao Conde. Essa semana, com a notícia da venda da casa da vovó, resolvi ir me despedir. Não só das coisas dela, da casa, mas também daquela cidadezinha da qual guardo tantas lembranças. E levei Arthur comigo. Na casa da vovó, fui agraciada com pequenas lembranças dela. Tia Nydia deixou que eu ficasse com pequenas peças de louça. Artigos que a vida inteira estavam com ela. Tia Nydia disse que são peças que eram da mãe de vovó, minha bisa Lavínia ou eram da sogra dela, minha bisa Sinhá. Da casa, a maior das lembranças é a mesa farta, cheia de gente ao redor. Da minha avó, a mulher amarga e brava que vi envelhecer com sabedoria, ajudando a todos, sempre útil e ativa, sempre cheia de fé. Da cidade, os rios, o mar, a cachoeirinha, a fazenda Capoeira, as brincadeiras de menina, os paqueras, as longas conversas com meu pai e fotos, muitas fotos...

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Mérde! da terapia ao palco...

Comecei o curso de Teatro da Cia Vá na Contramão em abril de 2011. Uma vez por semana, o diretor Walter Rozadilla trabalhava questões do consciente e do inconsciente, que muitas vezes nos travam no dia a dia e que precisam ser liberadas, se quisermos subir em um palco: aprender a escutar o outro, a lidar com o ridículo, vivenciar as máscaras, a sensualidade, o toque, trabalhar o 'estar' em cena, o gestual, a voz... a inclusão dos sentimentos, repensar as amarras que o 'ser social' desenvolve, e que muitas vezes o afasta do ser natural em que deveria se manter. Compreendi que o ator é, antes de tudo, um ser capaz de exercitar o exagero. Aquilo a que não nos propomos viver na rua, mas que muitas vezes transita nossas vidas em quatro paredes, no palco é permitido. Aquilo que povoa nossos sonhos e pesadelos, no palco vira realidade. Foram quatro semestres me preparando para vivenciar uma personagem de verdade. Dias 04, 05 e 06 de janeiro, o parto: Júlia, uma secretária bisbilhoteira, curiosa e intrometida, veio ao mundo. No Teatro Molière, na Aliança Francesa, Barra, nos apresentamos para platéias lotadas durante três dias. Amigos, parentes, pessoas que nunca vi antes, foram as testemunhas dessa liberação, dessa catarse, que começou como uma terapia e virou algo sério. Contracenar com Thelma e Fernando foi um prazer, vivenciar Júlia, um presente. O personagem foi criação do escritor Antonio Arruanda. E a direção de Walter Rozadilla, um guia. Além da produção impecável de Patrícia. Aos queridos do módulo 4, 2012, a alegria de compartilhar! Com Gladys, Thais, Jana, Aline, Clícia e Mônica. Fotos de AJNeto e Ricardo