segunda-feira, 5 de março de 2012

Nira se foi

Nícia me ligou e disse: "vovó foi descansar"... Eu imediatamente lembrei da última vez que a vi, no Hospital, na semana passada, deitadinha, com respiração difícil. Lembro que cheguei perto, pedi a benção e dei um beijinho no braço dela. "Oi, minha filha. Cadê o menino?" Perguntava por Arthur. Depois aos poucos ressonou. E eu fui embora do hospital sem que ela voltasse a acordar. É a minha última lembrança.
Em diversas postagens falei da importância da minha avó em minha vida. Mulher forte, nos fez ver, a vida inteira, que precisamos seguir em frente. No vídeo Tempo de Nira, um retrato da mãe de meu pai, que tanto admiro. Durante quase três anos eu contei aqui como ela estava lidando com o tempo e com o fato de envelhecer, de perder algumas capacidades, e como isso me deixava em alerta, um dia perderia minha estimada Nira. Mas perder será mesmo a palavra certa? O ano de 2011 foi tão difícil, dias em hospital, corpo cada vez mais debilitado, foi parar em UTI cardíaca. E quando achávamos que realmente Nira estava velha, parecia uma fenix no casamento de Janaína, sua primeira bisneta. Falei como ela parecia uma Rocha. E sempre que conversávamos, ela dizia que a morte havia esquecido dela, que precisava seguir, dar lugar aos novos... Da última vez que estive no Conde pude ver de perto sua espera... Nira finalmente vai usar a roupa de morrer. E eu estou fechando um capítulo tão importante da minha história. Eu e minha avó, minha avó e eu...

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