sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Um dia de milagre

Todo dia, há cerca de 04 meses, eu acordo e dou bom dia a um serzinho amarelo, verde e azul que me encantou quando eu passava em frente a uma loja de produtos para animais em Cruz das Almas. Era um entre 15 ou mais periquitos australianos que disputavam o espaço mínimo de uma gaiola. E ele era o mais quieto, parecia desambientado. Não resisti e trouxe para morar comigo, eu que sempre fui contra a criar pássaros em gaiolas. Ele se chama Kito. Kitokito.
Logo que ele chegou, o Aleschi (Alexandre Schiavetti) veio dormir aqui na casa nova (velha) e eu disse que ele ia dormir ao lado de Kitokito. E pela manhã ele acordou todo alegre me contando que Kitokito cantou e que viu também em minha casa a Recareca (uma perereca) que estava morando no banheiro do quarto que ele dormiu. Como somos ambientalistas (o Aleschi foi meu orientador de mestrado), e sabemos que pererecas só gostam de ambientes limpos, aprovamos a casa!!! Mas então... nesses 04 meses fui tirando Kitokito da gaiola e deixando que ele ficasse horas fora, no meu ombro, na minha cabeça, caminhando pelo quarto, acompanhando minhas cantorias no banho, ouvindo música clássica enquanto estudo, curtindo a rede, e eu e Arthur, curtindo Kito.
Como deixo a gaiola com a porta aberta enquanto ficamos com ele dentro de casa, hoje dei a maior bobeira. Levei Kitokito para o banho de sol, com a porta da gaiola aberta. Coloquei na varanda sem reparar nesse detalhe e fui trocar a comida, água e limpar a parte de baixo da gaiola; Só ouvi o barulho do voo... e senti meu coração ficar pequeno. Foi como se me achatasse. A constatação que meu lindo serzinho tinha voado pela varanda para a praça cheia de árvores que fica em frente à minha casa. E pensei: 'Jesus, proteja Kitokito. Ele é tão bobinho, um gato pode pegá-lo'.
Comecei a chorar. Arthur tinha dormido na casa da avó, que fica a 500 metros. E eu liguei pra lá, era cedo. E ele atendeu. E eu só disse... 'Kito voou para a praça', já chorando. E ele chorando de lá disse: mamãe, ele vai se perder... e depois desse drama todo eu o convenci a ir para a escola, porque ele queria vir ficar comigo. E fiquei na varanda, em oração. Pedindo um milagre. E dez minutos depois veio andando uma senhora carregando uma coleira que puxava um cachorrinho e na mão, um maço de penas amarelas, verdes e azuis. E eu gritei lá de cima: é meu, é kito! e desci para resgatar meu serzinho. Ela contou que ele estava no chão, e que ia ser devorado pelos gatos que tem aos montes por aqui. Ah, milagres existem. Kitokito de volta é um deles.

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