Nos últimos dias eu participei de um evento do Observatório da Educação na FACED- UFBA. Hoje foi a finalização dele, onde tive a oportunidade de apresentar o meu trabalho sobre Comunicação na Avaliação. As últimas apresentações da tarde falavam sobre Fraternidade. São artigos orientados pelo professor Robinson Tenório. Lembro quando ele foi meu professor, na disciplina de Avaliação, e fez, em uma das suas aulas, um breve histórico sobre o direito à educação no Brasil e sobre questões de acesso, permanência, qualidade do ensino e como tudo isso tem a ver com os processos decisórios e as tomadas de decisão na avaliação.
Depois ele falou sobre os três pilares da Revolução Francesa e como a política e a própria sociedade internalizaram questões sobre liberdade e igualdade, mas ignoraram, ao longo dos últimos duzentos anos, a fraternidade. Deixaram o termo apenas ao uso das religiões e não há, no campo da ciência, um tratamento de como a fraternidade pode tornar a sociedade mais próxima do ideal que tanto almejavam os revolucionários franceses.
A Fraternidade de que fala o professor Tenório e seus alunos, é um dos pilares da ideologia da Revolução Francesa. É uma categoria política, confundida com solidariedade, mas que tem muito mais a ver com equidade.
Fraternidade, palavra que deriva da latina Frater (irmão), humaniza a todos como espécie. Somos iguais, todos humanos, merecemos tratamento igual, em todos os sentidos, porque temos uma irmandade biológica, de uma mesma espécie na natureza.
A Declaração dos Direitos Humanos da ONU nos sinaliza a necessidade de fraternidade, assim como nossa Constituição. Mas a palavra, que circula muito nos assuntos religiosos, é ignorada nos assuntos políticos, sociais.
O sentimento de pertencimento à raça humana, que tornariam os homens mais unidos pelo simples fato de que, ao ajudar o próximo, com pequenas ações que o livrem de toda e qualquer mazela, ajudamos a toda a humanidade a evoluir, a melhorar, a crescer, não é regra, é exceção. Ela deveria estar no mesmo grau da liberdade e igualdade e, a todo aquele, que não tendo como sozinho, alcançar um estado de humanidade plena, a fraternidade o asseguraria, não apenas através das leis, mas de uma práxis ética de todo aquele que tivesse mais e pudesse ajudar.
Quando percebemos tantos projetos e programas de políticas públicas em andamento, que não dão resultado, que só usam dinheiro público, sem retorno algum, e nisso incluam até mesmo essa educação básica que deixa à desejar, é sempre questionável se tudo isso é ético. Com certeza, não é fraterno.
Precisamos ensinar nossas crianças a serem fraternas. Precisamos nos melhorar (como profissionais, como pais, etc.) quanto na vida em sociedade, avaliando nossos políticos, nossos gestores (onde trabalhamos), nossos sistemas de saúde, educação, segurança, etc.
Quando o cidadão comum tomar pra si, tarefa tão importante para correção dos rumos sociais, quem sabe não teremos um país com mais liberdade, igualdade e fraternidade, de verdade?!
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