segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Aquila non captat muscas II

Lá se iam três anos no meu ambiente profissional e eu não tinha encontrado nenhum amigo entre os pares da minha área. Já tinha uns poucos amigos, mas de outras áreas e, se por um lado era muito bom, porque sempre que nos reuníamos nunca falávamos de trabalhos específicos, por outro lado eu me sentia órfã, sem companheiros para pensar projetos e ações conjuntas. Quando ele chegou, pensei que era a resposta às minhas angústias. E realmente era. Ações, projetos, conversas sobre a mesma temática. Fiquei encantada. E logo pensei que estávamos construindo uma amizade. E pela minha disposição, uma amizade que duraria anos, afinal, temos muitas afinidades. 
Mas um dia, do nada, eu me senti ferida pelo meu amigo e parecia que um castelo estava ruindo. O ato em si era insignificante: uma palavra áspera, a acusação oculta, a desconsideração pública, que acabou resolvida em pouco mais de 24 horas. E o que são 24 horas numa relação que deve durar anos? Aquila non captat muscas. Vida que segue, continuamos fazendo as mesmas ações. Agora talvez muito mais profissionais que antes.
 A desconstrução de um padrão de amizade estava estabelecida. O castelo realmente ruiu, porque era de areia, como todas as relações que temos em nosso ambiente profissional. Competitivo por natureza, este ambiente não se permite construções de amizades carinhosas. O tempo é curto, os projetos são muitos, há um clima de tensão no ar e não há mimos e cuidados com o outro. Fala-se o que quer, do jeito que precisa ser dito. Faz-se o que é necessário, independente do outro estar preparado ou não. A Águia que procure amigos fora da Academia.

2 comentários:

Bel disse...

Ou não.

Isa disse...

Se tu já pensastes em um jeito de resolver...
Não sei bem como funcionam, e como são as relações em tais ambientes, mas pelo visto, são, realmente, estritamente profissionais.


Sempre penso que os amigos são assim... Vão e vem, alguns fazem parte de sua vida pra sempre, outros só por momentos, mas a gente sempre encontra novos, pra dar mais cor, sabor, pitadas de um tempero diferente...