terça-feira, 8 de março de 2016

Retrocognições

Lembranças


Um homem anda rápido. Uma moça o segue. Usam roupas dos anos vinte. O homem olha para a moça, atrás dele, e só pensa em protegê-la. Sente ansiedade. Não sei do que fogem mas sei que fogem. Eu sinto o que ele sente. Eu penso que eu sou ele. Ela está de saia, usa um chapéu pequeno. Ele está de terno. Eu sinto a ansiedade dele, é tudo muito intenso, muito forte. O corpo dele recebe um impacto pelas costas e cai. Eu sinto o corpo dele caindo. Não há dor física. Mas há um sentimento de dor. Ele pensa na moça, pensa que não vai ter como protegê-la mais. Tudo vai ficando escuro, ele vai deixando de ver em volta e eu também. Eu sinto a angústia dele. Eu acordei com a angústia dele em meu peito.

Um homem anda devagar dentro de uma casa, com uma criança no colo. As paredes são grossas e rústicas. As roupas dele são de judeus da época de Cristo. Mas ele não usa a cabeça coberta. Vejo seus cabelos e a criança brinca querendo pegar os cachos do cabelo dele. Ele tem muito amor pela criança. Eu sinto o amor dele. Sinto que é seu filho. Ele passa por uma porta. Não há móveis, há muito espaço vazio no ambiente. Depois vejo apenas a criança no ar, como se flutuasse, saindo pela porta e sinto tristeza, a tristeza dele de ver apenas a criança. Eu sei que ele morreu e a criança ficou sem pai. Acordei.

Estou em uma casa de pedras. Mas não me vejo. É como se eu enxergasse de cima. Como se eu visse a cena de cima. Vejo meninos e meninas, loirinhos e bem clarinhos. Estão todos envolvidos em fazer coisas na casa simples, como mexer com panelas e vejo lá fora ovelhas, plantações, alguns correm em volta do campo. Eu sei que sou um deles mas não consigo saber se sou um dos meninos ou uma das meninas. Mas vejo um corredor lateral entre a casa de pedra e um pequeno muro de pedra. Estou nesse lugar. E ouço vozes, gritos, sinto medo. Pelos gritos sei que tem alguém estranho e está fazendo maldades com meus irmãos. Fico escondido atrás de uma pilha de madeiras e sinto tristeza. Sei que uma irmã foi morta. Acordei.

Eu vejo, de cima, eu menina, com uma saia longa preta de florzinhas vermelhas e folhinhas verdes, brinco no chão com uma menina de três anos. Tenho sete. Estou com mãos e joelhos no chão, como um cachorrinho, de quatro. Vejo o homem na porta. Eu, de cima o vejo, mas eu menina não o vejo. Amenina está envolvida em brincar. Eu, consciência da cena, observo tudo. Ele olha para meu corpo e vejo nele um olhar de maldade. Analiso com minha mente atual aquele olhar. Eu menina não o percebo. Acordei.

A man walks fast. A girl follows him. They wear twenties clothes. The man looks at the girl behind him and only thinks of protecting her. He feels anxiety. I don't know what they're running away from, but I know they are. I feel what he feels. I think I am him. She's in a skirt, wearing a small hat. He's wearing a suit. I feel his anxiety, it's all very intense, very strong. His body gets an impact from behind and falls off. I feel his body falling. There is no physical pain. But there's a feeling of pain. He thinks of the girl, he thinks he can't protect her anymore. Everything is getting dark, he stops seeing around and so am I. I feel his anguish. I woke up with his anguish in my chest.

A man walks slowly inside a house, with a child in his lap. The walls are thick and rustic. His clothes are Jewish ,from the time of Christ. But he doesn't wear a covered head. I see his hair and the child plays trying to pick up the curls from his hair. He has a lot of love for the child. I feel his love. I feel it is his son. He walks through a door. There is no furniture, there is a lot of empty space in the room. Then I see only the child in the air, as if it were floating out the door and I feel sadness, his sadness of seeing only the child. I know that he died and the child lost its father. I woke up.

I am in a house of stones. But I don't see myself. It's as if I can see from above. As if I could see the scene from above. I see boys and girls, blond and very light. They are all involved in doing things in the simple house, like messing with pots and I see sheep outside, plantations, some run around the field. I know I'm one of them but I can't tell if I'm one of the boys or one of the girls. But I see a side corridor between the stone house and a small stone wall. I'm in this place. And I hear voices, screams, I feel fear. By screaming I know that there is someone strange and he is doing evil things to my brothers. I hide behind a pile of woods and feel sad. I know that a sister has been killed. I woke up.

I see from above a girl in a long black skirt of little red flowers and green leaves, and I play on the floor with a three-year-old girl. I have seven. I have hands and knees on the floor, like a puppy of four. I see the man at the door. I see him from above, but I don't see him. Amenina is involved in playing. I, consciousness of the scene, observe everything. He looks at my body and I see in him a look of evil. I analyze with my current mind that look. I girl do not perceive it. I woke up.

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