quinta-feira, 16 de junho de 2016

A morada doente

 “Minha casa é o meu castelo” _ Esse é um ditado incontestável. A morada de um homem é seu recanto, local de descanso e conforto, destinada ao essencial da vida: comer, dormir, amar... enfim, é em casa que refazemos as forças para o dia a dia de lutas e embates.

Se o meio ambiente natural é a floresta, os mangues, as restingas, cerrados, etc., o ‘meu’ ambiente é onde escolhi viver, as quatro paredes que me aquecem e me protegem das intempéries. Então, meio ambiente de gente, inclui a casa onde se mora. Mas até que ponto nós temos casas sadias?

Um amigo meu, o Engenheiro Civil Dermivan Barbosa, há algum tempo me contou do número de pessoas que conhece, que estão doentes por conta de suas moradias que apresentam uma série de problemas: Casas sem ventilação, onde a luz solar e o vento não adentram, onde há muita umidade, verdadeiras concentrações de fungos e ácaros. No inverno, elas são escuras, exigem um gasto enorme com luzes acesas e os armários estão cheios de mofo. Já no verão, são verdadeiras estufas, cheias de calor e exigem ventiladores ligados todo o tempo. E ele nem conhece Cachoeira tão de perto. Ele me contava de Itabuna, cidade onde realiza obras de construção e reforma. 
Ah, se ele tivesse que viver em Cachoeira... 
      
A cidade tem um deficit imenso de casas sadias. Duas estudantes universitárias que conheço bem, pois cheguei a dividir espaço com elas, viveram situações complicadas com casas assim, estufas no verão e geladeiras escuras, no inverno. 
Tenho um amigo, ex-aluno, que veio de fora e está com problemas sérios de alergia. Há mais de um mês procura casa para mudar. Casas em que os quartos não têm janelas são as mais disponíveis. E essas casas não estão nos bairros mais periféricos. Ficam nos centros de Cachoeira e São Félix. 
Este assunto deveria ser tratado como um problema de saúde pública,  porque os moradores dessas casas, invariavelmente, estão com alergias, rinites, sinusites, problemas respiratórios de toda ordem e quando o caso é muito sério, desencadeiam depressão, tristeza, por conta de um lar que não atende as condições mínimas de conforto e bem estar. Nosso sistema único de saúde, com certeza, tem que responder por demandas dessa ordem. 
Arquitetos e engenheiros das prefeituras deveriam propor soluções alternativas para os moradores. Talvez uma reforma simples levasse os quartos para a parte de trás da casa, possibilitando uma janela em cada ambiente ou o corredor longo, dessas casas antigas, ganhar uma entrada de circulação de ar, para viabilizar um frescor na vida de seus residentes. 

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