quinta-feira, 9 de junho de 2011

Ser, ter, parecer...

No último domingo, em Medrado, fiquei muito pensativa, quando ele falou que as pessoas que tem mais de 30 anos viveram três períodos: do SER, do TER e do PARECER...
Eu tenho mais de 30... na época em que eu era menina, a palavra de uma pessoa valia muito, tudo estava centrado no SER: as pessoas eram honestas, éticas, pais e professores eram autoridades, ricos eram ricos mas eu não via muita importância na ostentação deles, pobres eram pobres mas não queriam parecer ricos de coisas, existia uma falsa sensação romântica e católica de que os pobres herdariam o céu. 
Eu, menina, criança falava na hora certa, mesa era local de reunião nas horas da refeição, namoro tinha idade para começar e transar, só com a pessoa certa! 
As coisas eram mais fáceis, todos éramos meio ingênuos pois achávamos o mundo um lugar tranquilo para viver e criar filhos.
Depois veio o período do TER. Não faz mais que 25 anos, mas o consumismo tomou conta dos programas de TV, e aqui fora, na vida real, todo mundo queria ter tudo, status é quem podia ter casa com piscina (e surgiram os condomínios e todo mundo tem piscina). Carro? admitia-se apenas com até dois anos de uso (mais que isso é lata velha), tênis e calça _ só de marca!, as coisas ficaram descartáveis e as pessoas também. Tudo se compra, tudo se troca, bastava ir no shopping (aliás o aumento do número de shoppings é bem desta época).
Agora vivemos o PARECER. O período mais perigoso segundo Medrado. 
Estamos nos enganando e tentando enganar a todos. Queremos parecer éticos (quando adoramos furar filas, dar 'jeitinhos' e nossos políticos são fruto das árvores podres que plantamos), queremos parecer ter carro novo (devendo horrores aos bancos, em dezenas de prestações), queremos parecer ter coisas de marca e nos sujeitamos à pirataria...
Parecemos felizes (mas lotamos as terapias) e parecemos tolerantes com as diferenças (mas o mundo está cheio de exemplos de preconceitos)... O PARECER está nos fazendo padecer do pior mal que pode haver: não estamos nos conhecendo de verdade, enfiados em máscaras para sermos apreciados, admirados, seguidos...
E parece que vamos vivendo num mundo virtual... deixando de SER humano e de TER o que realmente interessa.

2 comentários:

Mari - Viver é uma dádiva! disse...

Eu SOU da ideia de que TER muitas caras e personagens nvai PARECER que deixamos a cada dia de ser gente. Eu nao quero ser coisa.

Anônimo disse...

Tu siempre seras SER

Bec