O toque foi o objeto do estudo da última sessão do psico-drama. Nosso professor/terapeuta falou da importância de nos tocarmos e tocarmos o outro, sentindo esse calor que emana dos corpos.
Ele é argentino e se surpreendeu de ver que no Brasil, onde as pessoas são tão alegres, expansivas, o toque é uma questão complicada. Homens brasileiros não se tocam com carinho. A afinidade se traduz por um abraço com tapas nas costas, batidas entre as mãos, ou tapinhas no peito do outro: coisas de amigos.
Na Argentina, quando há amizade mesmo, os homens, ao se encontrarem, beijam-se como sinal de afeto. Já as mulheres, ele percebeu, dá beijos sem encostar os lábios no rosto uma da outra e nos abraços, há um afastamento natural, como se os corpos fossem do peito para cima.
E homens e mulheres só sabem se tocar se for com finalidade sensual ou sexual. Afago entre amigos de sexos opostos então! _ele disse que é mais complicado ainda.
Dos cinco sentidos expostos, que exploramos desde sempre, o professor falou que o tato, o toque, é o único que não tem intermediação.
Precisamos de luz para ver o outro.
De ar para escutar o outro.
De saliva que lubrifique as papilas para sentirmos sabor.
De ar, mais uma vez, para que o cheiro das coisas cheguem ao nosso nariz.
Mas o toque não, é nossa pele sobre algo e já sentimos se está quente, frio, se é áspero, se é liso, suas dimensões.
Enfim... e pelo toque transmitimos e sentimos a energia que temos e a energia do outro.
Somos seres que não sobrevivem bem sem toque e desenvolvemos manias, fobias, neuroses por falta do toque que não recebemos na hora certa. Ou se tocarem-nos de forma errada ao sermos crianças, desenvolvemos traumas que perduram a vida inteira.
Toque é algo muito sério. E pouco estudado, analisado e conversado em família.
Meu terapeuta nos deu um exemplo chocante: existem crianças que teimam em irritar seus pais (que nunca fazem um carinho nelas), mas que as tocam para bater, para beliscar... e o inconsciente quer qualquer toque.
A lição depois dessa sessão? precisamos nos tocar mais, nos afagar mais. Tocar nosso corpo com cuidado, com respeito e admiração e deixar claro para nós mesmos que nos aceitamos, nos queremos bem. E tocar nossos filhos com afeto, dando-lhes a certeza que são amados. E nossos amores, amantes ou não, tocarmos não só na hora do sexo, mas com carinho, gesto limpo de sensualidade, apenas com o calor de um ser humano que se preocupa com o outro.
É só desta forma que vamos ampliar o tato, que ganhará mais sentido!
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