A época em que se falava com naturalidade da morte foi a Idade Média. A vida não passava de um cursinho preparatório para o grande concurso chamado morte, visto como eterno descanso. E os mortais procuravam se preparar, tomando cuidados necessários para receber o ingresso que os permitissem adentrar o paraíso. A vida na terra era um emaranhado de regras que não podiam ser quebradas, ou o futuro morto 'viveria para sempre' no inferno.
Com a modernidade, a ciência, a melhoria do bem estar e a quebra das crenças no divino, o inferno quase foi extinto e a vida, cada vez mais longa, relegou à morte a carga de tema tabu, sinal de mau agouro. Ninguém, em sã consciência, deseja morrer ou ao menos, se permite falar com naturalidade sobre ela.
Já li alguns textos que falam da nossa necessidade de educação para a morte. Mas nenhum deles relatava como seria essa educação. Quais procedimentos ter, como se preparar?
O certo é que, não estar preparado, para a morte do outro e muito menos para a nossa própria, sempre gera desequilíbrios. Lembro quando meu pai morreu e eu tive que vesti-lo pela última vez, ainda no hospital. Ninguém tinha me preparado para aquilo. Foi traumático.
Como eu viajo pequenas distâncias toda semana em estradas muito movimentadas, eu sempre me pego pensando em como é estar preparado, de onde partir para essa preparação e por isso essa necessidade de análise e diálogo. Na verdade, o que tenho me proposto, é um misto de aprendizado, preparação, aceitação e adaptação para a morte. É falar naturalmente e pensar que por menos que estejamos preparados, ela chegará e nos deixará expostos.
Um comentário:
Nunca estamos preparados. E isso nos perturba.
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