quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Um caderno para Michel

Michel, an intelligent Polish, a sensitive person who loved art, books, music and joy. That was my memory of him.
I met Michel Bogdanowicz through Damário DaCruz. I remember he told me to go and meet Sebo Café com Arte. I went, I loved the 61-year-old Polish, who welcomed me with joy and a cognac coffee.
I was often at UFRB events, such as the Montezuma Award, film sessions, chat, launching campaigns for CAHL direction, Blues shows, voice and guitar, and so many other events... I was greeted with a kiss on the forehead and a sweet hug. I liked my old coffee with cognac and a prose about art, Cachoeira or some rare book.
Michel of my memory was a man very full of stories, smoked a lot and was always receiving people in his house, which always added up.

Michel of my memory...

One day Ohana told me that Michel was very sick, in the hospital, had had a stroke. His speech and coordination had been compromised.
I was shaken and for almost two years I rehearsed to see Michel, who was being taken in at the Cachoeira Asylum. My rehearsals were dying at the foot of the hill. I was sad before I even went.
But then I took courage, because Edgilson told me that he was smiling, welcomed everyone with pleasure, needed shirts, liked to get chocolates....

I went with Dani, my guide. We stayed there for about 45 minutes. I took men's clothes, hygiene materials, the fruit of donations from friends.

Michel was touched, so was I. He tried to communicate well, but I didn't understand much.
I left thinking about that man I met. And the man that life presented to me now.
Two days passed and I dreamed. I do not know if it was just a dream, because everything was very clear. Someone, with a sweet and melodious voice, who seemed like a master to me, told me to make cards with phrases of everyday use, for Michel.
I woke up excited and did it.


Simple as that. After the cards were ready, I put them in a binder. I think I was an instrument of communication: a notebook for Michel.Michel, polonês inteligente, pessoa sensível, que adorava arte, livros, música e alegria. Essa era a minha memória dele.
Conheci Michel Bogdanowicz através de Damário DaCruz. Lembro que ele me disse para eu ir conhecer o Sebo Café com Arte. Fui, adorei o polonês de 61 anos, que me recebeu com alegria e um café-conhaque.
Fui muitas vezes, em eventos da UFRB, como o prêmio Montezuma, sessões de cinema, bate-papo, lançamento de campanhas para direção do CAHL, shows de blues, voz e violão, e tantos outros eventos... passei a ser recebida com um beijo na testa e abraço doce. Gostava do meu velho café com conhaque e uma prosa sobre arte, Cachoeira ou algum livro raro.
Michel de minha memória era homem muito cheio de histórias, fumava muito e estava sempre recebendo gente em sua casa, que sempre somava.

Michel de minha memória...

Um dia a Ohana me disse que Michel estava muito doente, no hospital, tinha tido um AVC. Sua fala e coordenação haviam sido comprometidas.
Fiquei abalada e por quase dois anos eu ensaiei ir ver Michel, que estava sendo acolhido no Asilo de Cachoeira. Meus ensaios morriam no pé da ladeira. Ficava triste antes mesmo de ir.
Mas aí tomei coragem, pois Edgilson me disse que ele estava sorridente, recebia a todos com prazer, precisava de camisas, gostava de ganhar chocolates...
Fui, com Dani, minha orientanda. Ficamos por uns 45 minutos lá. Levei roupas masculinas, material de higiene, fruto de doações de amigos.
Michel ficou emocionado, eu também. Tentou se comunicar bem, mas eu entendia pouco.
Fui embora pensando naquele homem que conheci. E no homem que a vida me apresentava agora.
Passaram-se dois dias e sonhei. Não sei se era apenas um sonho, pois foi tudo muito nítido. Alguém, de voz doce e melodiosa, que me pareceu um mestre, me falou para confeccionar fichas com frases do uso cotidiano, para Michel.
Acordei emocionada e o fiz.

Simples assim. Depois de prontas as fichas, coloquei em um fichário. Penso que eu fui instrumento da comunicação: Um caderno para Michel.







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