Meditações, impressões da vida, memórias revisitadas, crônicas fotográficas, muito blá blá blá... É só para deixar registrado o que penso do mundo (antes que eu morra e não conte, ou mostre, nada a ninguém).
domingo, 5 de fevereiro de 2012
Estado de Sítio
Três dias em uma cidade sitiada. É essa a sensação que tenho, estando em Salvador. Mas por conta do Digitália (Congresso e Festival Internacional de Música e Cultura Digital), tenho saído de Stella Maris e ido ao Corredor da Vitória todos os dias, sempre às 7h:30h e voltado as 21h, 22h (são quase 70 km ida e volta). Na quinta-feira, com a Festa de Yemanjá, já sabia que a cidade estaria com trânsito maluco, e eu e Aless decidimos deixar carros em casa e irmos de bus. Foi tranquilo até as 18h, quando um pânico geral tomou conta da cidade. Aí o jeito foi buscar carona pra não ter que andar de buzu e dar um tempo em local seguro para não sair enquanto houvesse engarrafamentos. Na sexta e no sábado, fui e voltei de carro, sempre procurando no twitter as informações dos lugares por onde passaria. Os muitos boatos eram de assustar. Mas eu sabia que havia perigo real, caso ficasse presa em um engarrafamento em local complicado, porque os arrastões contra motoristas parados estava acontecendo.
A sensação que tenho é que apertaram um botão direcionado à bandidagem onde está escrito: pode tudo contra o outro.
Os índices de assaltos, homicídios e vandalismo aumentaram nesses três dias e a população resolveu ficar em casa.
O Digitália esteve com público bem abaixo do esperado. E sábado à noite havia centenas de vagas para estacionar no Rio Vermelho (o bairro mais boêmio da cidade), às 22h, quando passei. Vi uma moça chateada porque haviam quebrado o vidro do carro e saqueado o automóvel, em frente ao Instituto Goethe, local nobre, as 14h da tarde de sábado.
E fiquei me questionando se o governador sabia o que poderia realmente acontecer quando deixou que as coisas chegassem ao nível que chegaram.
Há dias eu escutava falar de uma greve de policiais. Insatisfação da categoria eu escuto há anos. Tenho amigos oficiais da PM. Sempre os ouço falar da estrutura capenga, dos salários complicados, principalmente para os soldados, que se expõem nas ruas, com suas fardas alvo-fácil da bandidagem, de suas viaturas nem sempre equipadas. Os amigos que tenho, são pessoas que acompanho a vida pessoal, pais carinhosos, filhos dedicados e amigos leais, e foram eles que me ajudaram a ter uma visão diferente da polícia, porque meu pai, extremamente preconceituoso, e tendo vivenciado a ditadura, falava de uma polícia despreparada, truculenta. Foi a imagem que ficou, até eu conhecer mais de perto o cotidiano de dois amigos e de suas famílias.
Vejo os fatos e me pergunto se são os soldados insatisfeitos que estão agindo de forma equivocada, encapuzados parando ônibus e impedindo um direito constitucional de ir e vir? ou são ações de quem quer que acreditemos que são eles para descredibilizar a polícia militar?
Como repórter de rua em quatro emissoras pelo interior da Bahia, acabei fazendo amigos na Corporação quando ia cobrir eventos em Juazeiro, Feira de Santana, Itabuna e aqui em Salvador. E sei que muitos policiais votaram no PT. Acreditaram que segurança seria realmente prioridade e que o trabalhador da segurança seria valorizado. Assim como eu, na educação, eles também se decepcionaram com o modo petista de administrar.
Por isso reproduzo aqui a carta dos oficiais. Ela fala melhor que a cobertura midiática da greve.
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3 comentários:
Um testemunho de um "estrangeiro"...A visão de truculência dos policiais da Bahia é real e assusta a quem é de fora e por aqui transita...A condição de permanecer sitiado acaba sendo voluntária e absorvida, em todos os instantes em que aqui permanecemos. A impressão é a de que as ações desenvolvidas nestes dias não são articuladas por bandidos comuns, mas sim como uma forma de pressionar as Autoridades Públicas a agir, e desenvolvidas por membros da própria corporação. Situação similar à que vive a Síria, pelo pouco que podemos acompanhar e pelo menos ainda que podemos ter certeza da veracidade daquilo que se noticia...A impressão é essa: Salvador poderia poder a passar a ser chamada de Damasco...
Membros da corporação???
Aqui tem algum membro da corporação??? Me poupe!
O pior cego é o que não quer ver, só falta a culpa ser dos policiais que cruzaram os braços..
GREVE, PT , tudo a ver...
Quem apoiava greves que administre agora...
Pimenta no fiofó dos outros é refresco... Cadêo o "pinheirinho" e seus mortos inexistentes???
Cadê a política de segurança do PT?
Cadê o "borsa-pronasci" ou outro nome que tenha? cade a esmola pros policiais que calaria a boca deles???
Faltou o link da "corporação" saqueando as lojas...
http://coturnonoturno.blogspot.com/2012/02/saques-arrasoes-dezenas-de-mortes-e-o.html
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