Meditações, impressões da vida, memórias revisitadas, crônicas fotográficas, muito blá blá blá... É só para deixar registrado o que penso do mundo (antes que eu morra e não conte, ou mostre, nada a ninguém).
quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012
Culturalmente em rede
O Digitália, Congresso e Festival Internacional de Música e Cultura Digital, foi mais um desses eventos que nos revelam um universo de ações e reações que rolam em função de um mundo conectado. Na primeira palestra, do Ronaldo Lemos, ele mostrou dados impressionantes sobre o uso das lan houses. Pesquisador da FGV, ele conseguiu mapear cenas musicais nas periferias de vários países e é incrível como as comunidades se revelam através de música que nunca chegaria a grande mídia e que hoje, com a net, faz sucesso e atrai milhares de fãs. E como a troca, o intercâmbio de arquivo pessoal ajuda a disseminar o que rola nas periferias. Volker Grassmuk, estudioso de uma universidade alemã, fez um apanhado histórico da colaboração humana, para mostrar que o que vivenciamos na rede é algo sem precedentes. Sim, estamos na era da inteligência coletiva e vivendo a grande onda da colaboração intelectual. Nossos conhecimentos compartilhados estão nos fazendo, de modo geral, produtores do grande repositório de conteúdo chamado internet.
Messias Bandeira, da UFBA, o grande mentor do Digitália, fez uma palestra fabulosa sobre a revolução musical pela qual passamos nos últimos dez anos, com a possibilidade de colocar ou retirar da rede nossa soundscape, nosso universo de melodias e sons, que nos dizem quem somos. E como os músicos se apropriaram de suas criações com a autonomia que ganharam quando as gravadoras já não eram as únicas a mostrar quem faz sucesso. E Javier Bustamante, estudioso espanhol, nos mostrou como tudo isso está delineando a tal cultura digital, esse emaranhado de coisas novas e nem tão novas assim, mas que estão interligadas e nos fazem autores de uma nova história, cidadãos com iniciativa e canais de divulgação, pessoas que com pequenas ferramentas (celulares, câmeras, gravadores, criatividade, inventividade), temos nossas cartolas mágicas, engenhocas que chamamos de computadores e smartphones, ligados e conectados e com eles damos destino a nossas mais inventivas ações. E o computador não é apenas uma ferramenta, é uma incógnita ainda de possibilidades de interação. Frases virais, videos que viram febre, músicos que ganham notoriedade do dia pra noite, comunidades indígenas que se comunicam e denunciam, sexo virtual, e tantas e outras tantas coisas que fazemos com essa maquininha que temos em frente aos olhos e dedos... Javier não tem dúvida que o computador nos faz mais humanos, mais solidários, mais interconectados.
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Gilberto Gil foi um caso de amor à parte no Digitália. Um dia na desconferência, junto com Paul Miller, o DJ Spooky, de NY, Jucá Ferreira e outros, em um papo descontraído, falou de um Brasil que tem mostrado ao mundo que ser lúdico vale a pena. Dia seguinte, sem nenhum tipo de segurança por perto, atencioso, participando de oficinas, conversando com todo mundo, era um show de gentileza.
Mas quem me impressionou mesmo foi Spooky, um dos mais consagrados Djs do mundo, escritor, teórico de uma nova forma de pensar música digital, ele é muito atencioso, pena que meu inglês foi de apenas cumprimentos e elogios. Mas marcamos nossos olhares cheios de boa energia com essa foto. Ele é um ser especial.
Adorei conversar mais com Álvaro Malaguti da RNP, saber sobre os projetos que poderemos integrar enquanto UFRB, que, diga-se de passagem fez bonito no Festival, com Jarbas Jacome, Danillo Barata e Claúdio Manuel, também organizador e membro do Coletivo Xaréu, que fez uma linda apresentação.
E muitos alunos de jornalismo, cinema e artes visuais, mostrando que estamos chegando com cara, coragem e talento.
E por fim, por conta da greve da PM, que de alguma maneira prejudicou o festival (várias festas foram canceladas), uma vitória no final. Encerrando o evento, o show do Stomp stage experience (NY) e Criolo, na Concha lotada, depois de tantos cancelamentos de shows Salvador à fora... E estava tudo tão bonito e tantos livros foram trocados por ingresso. Foi muito bom ver essa vitória do Messias e do Claúdio! E olha eu e o Guido aí em meio a tanta gente!
Eu, de cá do meu mundinho digital, fico torcendo para estar no próximo Digitália e agradecendo ao Universo por esse Congresso maravilhoso ser na Bahia.
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Um comentário:
Linda a foto tua com Guido. Obrigado por compartilha-la ;)
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