Meditações, impressões da vida, memórias revisitadas, crônicas fotográficas, muito blá blá blá... É só para deixar registrado o que penso do mundo (antes que eu morra e não conte, ou mostre, nada a ninguém).
sábado, 29 de maio de 2010
Recife Frio aqueceu a platéia
Ontem, na mostra competitiva do VI Panorama Coisa de Cinema, no espaço Unibanco Glaúber Rocha, um curta me chamou à atenção: Recife Frio do diretor Kleber Mendonça Filho, que estava presente na sessão. Numa lúdica ficção, o filme relata uma situação de mudança climática em Recife, tão tropical, que a torna chuvosa e fria por meses seguidos. Kléber gravou cenas do cotidiano de uma megacidade inusitada, quieta, limpa, sem odor de urina, recolhida na chuva e no frio. Perguntei quanto tempo levou para gravar tantas cenas com cinza inverno, e ele me disse que foram quase dois anos aproveitando as frentes frias que realmente tornavam o céu tão denso. Com depoimentos tipo doc drama, o filme vai revelando o que muda na vida de pessoas acostumadas com o calor, quando este se vai: vendedores de roupas, um dono de pousada que vivencia o cancelamento das reservas e pensa em criar uma ong para adotar pinguins que aparecem nas praias, um papai noel que passava mal com suas roupas no verão e se sente muito bem com as mudanças e uma família que mora em um edifício bem ventilado e começa a disputar o inóspito quartinho da empregada, que se torna o ambiente mais aconchegante da casa. Em 23 minutos de uma fábula moderna, ele nos faz pensar em tantas coisas, mesmo quando nos faz rir muito com as situações criadas a partir do frio e da chuva em contraponto ao calor infernal do dia a dia de uma cidade grande no nordeste do Brasil. Quem estava presente e dialogou com Kléber, pode sentir a preocupação no tratamento do tema, questões de urbanismo, convivência social com a cidade e diferenças sociais que se revelam no interior das casas. Mas também há um carinho que fica claro nos créditos, na dedicatória aos pais, que segundo ele, gostavam de ver a cidade banhada pela chuva. Eu gostei muito de ver as cenas com Lia de Itamaracá, cantando sua ciranda na praia, enquanto o céu se abria, mostrando que a música muda tudo no horizonte.
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2 comentários:
Eu venho sempre aqui.
Recife é uma linda cidade. Tome cultura. Adorei seu blog! :)
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