Resultado de uma Oficina de Teatro, projeto do sétimo ano do Sartre. O professor, Gustavo Nery, escolheu um texto maravilhoso, de um autor mineiro chamado Eid Ribeiro, intitulado Anjos e Abacates, que fala sobre meninos e quintais, e todo o universo imaginativo que pode surgir a partir dessa mistura mágica. Na peça, Arthur fez o papel de um garoto que tem, junto com o irmão, uma rádio imaginária e fica em cima do muro da casa que separa quintais, como locutor, levando alegria. Já o vizinho da dupla, um garoto com melhor condição financeira e sozinho, lê, embaixo de um abacateiro. E o personagem do livro toma forma humana. É uma menina linda, que os três se apaixonam, a Caxeta. Ela sonha em se tornar cantora de rádio. Esses quatro no palco fizeram o teatro, com um público estimado de 100 pessoas, entre pais e irmãos dos estudantes do sétimo ano, rirem de gargalhar.
O teatro é grande, com boa infra-estrutura, mas a peça tinha um cenário muito simples, assim como figurino e tudo isso me encantou muito. Ainda lembro da festa de final de ano do Colégio Marízia Maior, com toda ostentação possível, mas que me deixou extremamente chateada, pela força apelativa do espetáculo, sem nenhuma leitura subliminar, a não ser nas danças sensuais e músicas pouco elaboradas.
Neste espetáculo de ontem, até as músicas foram escolhidas a dedo. Tinha a ver com infância, roça, imaginação.
Milton e Fernando embalaram a abertura e o fechamento da peça, com sua maravilhosa Bola de meia e bola de gude:
'Há um menino
Há um moleque
Morando sempre no meu coração
Toda vez que o adulto balança
Ele vem pra me dar a mão. Há um passado no meu presente
Há um moleque
Morando sempre no meu coração
Toda vez que o adulto balança
Ele vem pra me dar a mão. Há um passado no meu presente
Um sol bem quente lá no meu quintal
Toda vez que a bruxa me assombra
O menino me dá a mão
E me fala de coisas bonitas
Toda vez que a bruxa me assombra
O menino me dá a mão
E me fala de coisas bonitas
Que eu acredito
Que não deixarão de existir
Amizade, palavra, respeito
Caráter, bondade alegria e amor
Pois não posso
Não devo
Não quero
Viver como toda essa gente
Insiste em viver
E não posso aceitar sossegado
Qualquer sacanagem ser coisa normal
Que não deixarão de existir
Amizade, palavra, respeito
Caráter, bondade alegria e amor
Pois não posso
Não devo
Não quero
Viver como toda essa gente
Insiste em viver
E não posso aceitar sossegado
Qualquer sacanagem ser coisa normal
E rádio Esperança que se acaba, continua!
No meio da peça eu me dei conta que esse menino Arthur, que é a cara do pai, que tá crescendo e já usa 37 no pé (o mesmo pé que um dia coube inteirinho na minha mão), esse guri, que todo mundo diz que não se parece comigo, nada!!! ele puxou a mim no quesito cultura. Eu fiz teatro dos 13 aos 21. Depois voltei em 2011 e apresentei peça em teatro outra vez.
Ele tinha domínio de palco. Fez tudo com uma desenvoltura tão visível, a gente via que ele estava se divertindo em estar ali. Não havia tensão. Então, eu que nem queria que ele tivesse mais uma atividade (porque ele abraça todas e não sobra tempo para mim - que egoísta!), resolvi liberar mais essa. Ano que vem tem curso livre de teatro no Sartre.
A rádio 'esperança que se acaba' continua...
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