sábado, 28 de novembro de 2015

Novas formas de aprender e ensinar: compartilhar para conhecer mais e melhor

A forma como as ideias e as informações circulam nas comunidades hackers no  desenvolvimento dos Softwares Livres nos proporciona repensar a maneira como lidamos com o conhecimento. Hackers são os programadores entusiastas, que atuam de forma colaborativa. A mídia confunde hackers com  crackers (do verbo quebrar), que são programadores que invadem sistemas e atuam de forma ilícita.
O compartilhamento hacker não é uma novidade dos últimos quinze anos, quando a internet se tornou tão popular. Há cerca de duas décadas e meia, o finlandês Linus Torvalds conseguiu terminar um projeto de final de curso, com a ajuda de diversos hackers. O projeto deu origem a um dos sistemas de gerenciamento de computadores mais utilizados no mundo inteiro (LINUX).
Os softwares livres são programas desenvolvidos em código aberto, isso significa que todos os programadores tem acesso às combinações binárias que deram origem a ele. Quando criados, os códigos são logo jogados na rede, nas comunidades, e os hackers  transcrevem em diversas línguas um manual do software, testam, relatam os problemas (os bugs) e, ao descreverem suas dúvidas e acertos, colaboram para que tudo se resolva rapidamente e se aperfeiçoe cada vez mais. São dezenas, às vezes centenas de mentes, numa comunidade hacker, voltados para um mesmo fim: aperfeiçoamento e aprendizagem.
Nestas comunidades, o produto nunca está finalizado, sempre é passível de ajustes e por este motivo, um software livre tem atualizações muito mais constantes do que os programas que são de propriedade de empresas, chamados softwares proprietários. O GNU Linux, por exemplo, tem mais de mil adaptações específicas, direcionadas para áreas de educação, comércio, serviços, etc.
Muitos pesquisadores, principalmente da área de educação, estão atentos a este exemplo de colaboração e aprendizagem e não duvidam que a metodologia das comunidades hackers pode ser levada para outras áreas. Nada nos custa repassar o que sabemos, que é nos é valioso porque conseguimos solucionar problemas, mas que não nos onera de forma alguma ao dividi-lo. Por muito tempo a ideia de uma sociedade que compartilha conhecimento de forma gratuita, gerando melhoria de vida para todos, esteve associada às comunidades alternativas. O capitalismo, com sua busca exagerada pelo lucro, nos deixou insensíveis às trocas de informações apenas pelo prazer de ajudar o outro e com isso possibilitar a melhoria da sociedade como um todo.
E é fácil listar uma série de conhecimentos que, se compartilhados, todos ganhariam.
As tecnologias sociais, direcionadas para melhor produção de um determinado alimento, difusão de um conhecimento que facilita um serviço, que agiliza um processo, ganharia muito com a metodologia hacker. Disponibilizada a informação, imagine quantas pequenas associações, que não podem pagar por uma consultoria, seriam beneficiadas?  pequenos produtores da agricultura familiar, que as vezes por falta de agregar conhecimento, permanecem com um determinado problema por anos, quando outros já dominam a solução. É preciso compartilhar conhecimento. Exemplos bem sucedidos no ensino aprendizagem deveriam existir em um banco de metodologias aplicáveis, já testadas e aprovadas. Se todos compartilhassem seus acertos, tirassem dúvidas em redes, prontas para ajudar, daríamos passos largos, economizaríamos esforços e tempo e soluções mais viáveis seriam encontradas facilmente.
A internet hoje pode concentrar um sem número de bancos de informações, de acesso fácil e rápido, tanto para grupos postarem seus acertos quanto suas dúvidas.
Os exemplos das comunidades hackers deveriam virar modelo para tantas outras comunidades, assim além de democratizar as informações, faríamos muito mais produtos testados e aprovados por quem realmente precisa deles.
Esse acesso a informação rápida e democratizada é a base para uma sociedade em rede justa e igualitária. Equidade, Fraternidade, eficácia, tudojuntoemisturado! 
Mas para isso a alfabetização e disseminação digital precisam se tornar prioridade. E o uso do software livre, uma premissa básica. Fiz a disciplina de Professor Nelson Pretto em 2009 e ainda me espanta ver o quanto o mundo está distante de pensar de forma hackeniana. 
Eu já faço desde 2010 avaliações colaborativas, usando o julgamento compartilhado como forma de dar uma nota nos trabalhos dos meus alunos e tem sido fantástica a experiência. Também tenho rede de blogs de fotografia, para com todos da sala, elogiamos e apontarmos melhoras nos processos de aprendizagem de composição em fotografia. 
É isso! inteligência coletiva, colaboração, interação, novos conhecimentos compartilhados. E viva o mundo digital. 

terça-feira, 24 de novembro de 2015

Coração de uma mãe

Hoje eu acordei muito cedo, pois estou em Ilhéus, para participar da Semana de Comunicação. A minha oficina de produção de fotografia em celular ia começar 8h e precisava estar pronta na porta do hotel às 7h. Ás 6:20h terminava o banho e ouvi meu celular vibrar. Ao ter condições de atender, seis chamadas de Lia, madrasta de Arthur. Meu coração entrou em alerta. Comecei a orar ali, será que meu filho estava adoentado?
Fui ligar, mas ela ligou de novo e atendi com coração na mão e já com voz entrecortada ela me conta: Alene, Guilherme, aconteceu um acidente. Ele caiu do sexto andar.
Penso que ela explicou mais coisas, mas eu só conseguia, por trás de uns olhos em lágrimas, ver uma parede branca e um filme passando. Um menininho doce, meigo, amado. Uma mãe batalhadora, que eu sempre achei guerreira, assim como eu, e que ao conversarmos, eu sempre falava com ela das minhas experiências de mãe. Somos todas iguais, queremos sempre acertar com nossos bebês.
Não sabia nem mais um detalhe e iniciei oração por ela. E por Gui, que na certeza de acolhimento espiritual, pedi luz e serenidade na passagem. E ela, que Nossa Senhora a acalmasse, a colocasse no colo. Meu coração doeu por ela, pela dor da mãe.
Depois, por conta de minha mãe, de namorado, vim a saber de detalhes que me deixaram ainda mais preocupada pela dor da família, pela dor de Cris.
Estou lembrando aqui da alegria da chegada de Gui, do quanto Arthur gostou de ter um priminho na mesma casa da avó, do quanto Cris e Lia ajudaram nos primeiros anos, da vozinha dele dizendo 'tiaiene'.
Gui, meu anjinho, muita paz porque sua missão agora é se recuperar e abençoar tua mãe. E ela, essa mãe desolada, meu pensamento mais acolhedor, minha dor em forma de abraço mental, meu pedido especial a Maria Mãe, que tanto sofreu e sabe amar seus filhos sofredores.
Essa mãe que agora está de mãos vazias e que vai aprender a amar na saudade eterna, a ela, meus sentimentos mais nobres. Na foto, Gui e Arthur, em atitude acolhedora com esse primo lindo.


sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Legendas e dublagens

Pobre país burro. Dubla tudo. Não legenda. Não alimenta leitura. Muito menos a língua inglesa. Zapeio canais da sky. Um único filme legendado. Todos os outros dublados, o que me traz um sentimento de impotência diante do desejo de ouvir o áudio original. Pobre país burro.
Vi uma pesquisa do quanto nossa juventude perde em não saber uma língua estrangeira, ainda mais o inglês. O governo, preocupado, oferece curso gratuito nas universidades. Veja aqui neste link, como se inscrever
Inglês sem fronteira

Folhas e frutos

Eu fiquei muito feliz quando soube que Jamile e Deise publicaram livros como resultado do TCC em artes visuais. Elas foram minhas alunas em 2012, em fotografia I.
E me surpreendi com os livros. São lindos, bem escritos e pura arte.
O de Jamile, As Escolas de Joana  conta a história da menina que aprende tudo em casa, com os pais, avós, amiguinhos, no caminho e revela Paulo Freire em conto de criança.
O de Deise, Cartas para Tereza, revela um universo interno de um escritor apaixonado pela vida.
Eu, que decoro casa com livros, arrumei os dois em meus cantinhos de leitura.



domingo, 8 de novembro de 2015

Clandestinas

Fui assistir ao espetáculo Somos Todas Clandestinas, de Maíra Guedes, filha de Indaiara, minha cunhada. Que belo trabalho, de texto, de estética (luz, figurino, cenário, músicas...). Tudo nos põe no clima do conflito que cerca uma menina, uma mocinha ou uma mulher que vivencia um aborto.
A fotografia acima é da platéia em contra-luz, Maíra segue para o fundo do palco, onde um telão projeta cenas de cidade, trânsito, caos, lixo, confusão...
ela segura cordas que a levam pelo palco.
é uma das cenas mais bonitas.
É um monólogo!
Maíra, jovem atriz formada pela UFBA, já tem uma boa caminhada. Já fez seu mestrado e segue para doutorado. É uma pesquisadora social das artes cênicas. Tem seu dedo no texto e na direção.

Tem seu dedo, e mais um monte de dedos, de um monte de mulheres, porque tudo foi coletivo. Desde a construção do roteiro até a arrecadação dos fundos para a realização.  Maíra e suas amigas criaram um Crowdfunding Clandestinas, um financiamento coletivo, e em três meses, conseguiram montar o espetáculo.

As irmãs dela, Júlia (quem nos brinda com essa foto linda) e Isadora, em apoio incondicional, auxiliando em tudo. E a mãe, essa mulher maravilhosa, a quem admiro muito, foi uma das maiores doadoras do fundo coletivo. 

Sobre o texto, uma explosão de sentimentos, tanto no palco, quanto para quem assiste. 

Vi muitas mulheres e poucos homens na platéia. Mas penso que aquelas frases precisavam ser ouvidas também por homens. Quando um namorado pede para fazer sem camisinha porque é mais gostoso, porque quer 'sentir' a mulher que ama, por dentro, e depois que um feto se consuma, ele some e diz que o problema é só dela... ou ainda quando leis machistas e masculinas, de uma igreja e de um estado eminentemente masculino, impõe à mulher a carga solitária de 'abriu as pernas, engravidou, agora assuma'... esquece que filho não se faz sozinha e o corpo feminino e a mente feminina lhe pertencem, a ela, que precisa tomar decisões rápidas e que pode lhe custar a própria vida.  Mas sim, o recado é também para nós, mulheres: a família muitas vezes apoia o namorado que não assume (mães, tias, irmãs mulheres, acham normal um homem se safar de assumir seu pinto-fazedor-de-bebês).  

Eu nunca fui à favor do aborto. Mas para mim mesma. Sempre achei que se um dia eu engravidasse, mesmo sem querer, eu assumiria. 
Mas meu pensamento sempre foi uma regra interna, minha, e sempre sob a ótica confortável de achar que, se engravidasse, seria de alguém que eu teria afinidade. Nem por alto imaginei um dia engravidar de estupro. Nem nunca me imaginei em situação de impossibilidade de assumir. Então eu sempre tive uma visão distorcida da realidade. 

Hoje eu consigo contemplar o tema sob novas óticas e não acho  justo aborto ser crime. Penso que cada qual cuide de si e faça consigo o que acha melhor.

Tenho algumas amigas que precisaram abortar por uma série de problemas e todas, todas, se sentiram pressionadas, por uma situação de gravidez unilateral (sem apoio do homem e/ou dos pais). E nos poucos relatos que tive delas, a sensação de culpa as perseguia. 

Ver e ouvir o texto de Clandestinas, nos dá a certeza de que a sociedade precisa desculpabilizar a mulher que aborta, urgentemente.

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Meu pequeno grande ator

Hoje Arthur apresentou sua primeira peça como um dos protagonistas...
Resultado de uma Oficina de Teatro, projeto do sétimo ano do Sartre. O professor, Gustavo Nery, escolheu um texto maravilhoso, de um autor mineiro chamado Eid Ribeiro, intitulado Anjos e Abacates, que fala sobre meninos e quintais, e todo o universo imaginativo que pode surgir a partir dessa mistura mágica. Na peça, Arthur fez o papel de um garoto que tem, junto com o irmão, uma rádio imaginária e fica em cima do muro da casa que separa quintais, como locutor, levando alegria. Já o vizinho da dupla, um garoto com melhor condição financeira e sozinho, lê, embaixo de um abacateiro. E o personagem do livro toma forma humana. É uma menina linda, que os três se apaixonam, a Caxeta. Ela sonha em se tornar cantora de rádio. Esses quatro no palco fizeram o teatro, com um público estimado de 100 pessoas, entre pais e irmãos dos estudantes do sétimo ano, rirem de gargalhar.
O teatro é grande, com boa infra-estrutura, mas a peça tinha um cenário muito simples, assim como figurino e tudo isso me encantou muito. Ainda lembro da festa de final de ano do Colégio Marízia Maior, com toda ostentação possível, mas que me deixou extremamente chateada, pela força apelativa do espetáculo, sem nenhuma leitura subliminar, a não ser nas danças sensuais e músicas pouco elaboradas.
Neste espetáculo de ontem, até as músicas foram escolhidas a dedo. Tinha a ver com infância, roça, imaginação. 
Milton e Fernando embalaram a abertura e o fechamento da peça, com sua maravilhosa Bola de meia e bola de gude:


'Há um menino
Há um moleque
Morando sempre no meu coração
Toda vez que o adulto balança
Ele vem pra me dar a mão.  Há um passado no meu presente
Um sol bem quente lá no meu quintal
Toda vez que a bruxa me assombra
O menino me dá a mão
E me fala de coisas bonitas
Que eu acredito
Que não deixarão de existir
Amizade, palavra, respeito
Caráter, bondade alegria e amor
Pois não posso 
Não devo
Não quero 
Viver como toda essa gente
Insiste em viver
E não posso aceitar sossegado
Qualquer sacanagem ser coisa normal


E rádio Esperança que se acaba, continua!



No meio da peça eu me dei conta que esse menino Arthur, que é a cara do pai, que tá crescendo e já usa 37 no pé (o mesmo pé que um dia coube inteirinho na minha mão), esse guri, que todo mundo diz que não se parece comigo, nada!!! ele puxou a mim no quesito cultura. Eu fiz teatro dos 13 aos 21. Depois voltei em 2011 e apresentei peça em teatro outra vez. 
Ele tinha domínio de palco. Fez tudo com uma desenvoltura tão visível, a gente via que ele estava se divertindo em estar ali. Não havia tensão. Então, eu que nem queria que ele tivesse mais uma atividade (porque ele abraça todas e não sobra tempo para mim - que egoísta!), resolvi liberar mais essa. Ano que vem tem curso livre de teatro no Sartre. 

A rádio 'esperança que se acaba' continua...







quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Ciência e religião, meus caminhos de evolução ganharam nova perspectiva

Conheci o IIPC (Instituto Internacional de Projecciologia e Conscienciologia), uma organização que congrega pessoas que buscam estudar sobre auto-conhecimento, energia, evolução.  Participei de algumas palestras (nas quartas, elas são gratuitas, abertas ao público, duram duas horas).
Os palestrantes são sempre membros da casa, que já estudam há anos. O primeiro foi o Guilherme, estudante do curso de medicina. Com ele tive a base da conscienciologia e projecciologia. O segundo foi Ricardo. O terceiro foi
e o quarto palestrante foi Anibal.
Agora decidi fazer um curso de aprofundamento em projecciologia.