Meditações, impressões da vida, memórias revisitadas, crônicas fotográficas, muito blá blá blá... É só para deixar registrado o que penso do mundo (antes que eu morra e não conte, ou mostre, nada a ninguém).
domingo, 24 de junho de 2012
Reforçando laços
Quando eu era menina, e depois ainda mais na adolescência, eu adorava ir ao Conde, vir à Salvador, ou à Ilha, e ficar com meus primos Cinha e Neto. Era uma relação de carinho, que durava em média um mês, todo ano, sempre nos janeiros da vida. E quase sempre nossos aniversários eram festejados em um único dia. Somos três caprinos...
A minha mudança para Cuiabá, alguns rompimentos familiares que nos atingiram e depois, com as carreiras profissionais e chegada dos filhos, os encontros passaram a ser raros. Lembro do aniversário de minha avó de 86 anos, depois o aniversário de filhote (um ano), o primeiro aninho do filho de Neto e alguns encontros na casa da vovó para o tradicional almoço de Natal.
Mas com minha vinda pra Salvador, ter a proximidade deles é como reconquistar meu passado, o carinho que tínhamos. Fui em alguns aniversários de Cinha e de seus filhos (Lucas e Peu). E agora com a morte da vovó, nosso cuidado em unir nossos pequenos, em finais de semana na casa de Neto, com direito a boa conversa, grelhadinhos, vinho, pizzas de frigideira e cachorro-quente pros meninos. Todos temos rapazes e eles se dão bem. Então mais motivos para comemorar.
Neste São João, Cinha e Neto lembraram de mim para irmos todos a Sauípe, e foi super divertido ver os meninos juntos, em eterna algazarra, soltando fogos, curtindo piscina, lagoa, canoagem, futebol, enfim...
Também para mim, sempre tão só nesta Salvador, é como ter colo, quando fico conversando com eles sobre criação de filhos, rotinas, etc...
E com Neto, o primo mais velho dos homens, sempre foi o primo que mais conversei, e hoje há tanto que recuperar de conversas sobre os caminhos que trilhamos, em que acreditamos (nossas conversas tem sido muito filosóficas sobre vida, morte,escolhas, ou recuperando lembranças de crianças...)
Para mim, que sentia saudade dessa família linda, de Tia Lícia e de Tio Nivaldo, meu padrinho, é motivo de muita alegria ver Arthur e os meninos se conhecendo melhor, e eu e meus primos nos reconhecendo de novo.
terça-feira, 19 de junho de 2012
Aonde vejo Nira
Pouco mais de três meses que minha avó se foi. Ando pela casa... vejo Nira nos detalhes. Há paninhos bordados e pintados, na cozinha, no banheiro. Cada vez que ia visitá-la, ganhava algo, então são muitos, são lindos, lembram momentos.
Há a colcha de fuxico na minha cama, que vovó fez. Uma dentre as tantas que vi dona Alzenira fazer. Ela ficava horas fazendo os fuxiquinhos. Eu adorava ganhar alguns. E colocá-los em bolsas, biquines, detalhes de roupas.
Herdei uma cadeira de oração, que era da mãe dela, minha bisa Lavínia (Vó Tapuia). O assento levanta e pode-se ficar de joelhos no acolchoado abaixo, um segundo assento. De minha bisa, as lembranças são de uma senhora cega, que sempre nos recebia com carinho e pedia para que nos aproximasse. Passava as mãos pelo nosso rosto, pela nossa cabeça e pedia a quem estivesse na casa que servisse doces e pegasse 'alguns mil reis' para nos dar. E nos davam cruzeiros (a moeda vigente). E eu, menina de 7, 8, 9, 10 anos, achava que ela tinha parado no tempo. Ela desencarnou aos 91 anos.
Um dia eu disse a minha avó Nira que amava aquela cadeira. No ato, ela disse: 'leve!'. A cadeira está na ante-sala do meu quarto, em um cenário só dela. Eu amo mesmo é a lembrança de minha bisa passando a mão em mim e dizendo: 'que bonita essa menina de Aquilino' (meu pai).
Também herdei, mas desta vez depois do desencarne da vovó, a cantoneira que ficava entre a sala e a cozinha da casa de Nira, sempre com um porta-retrato em cima. Agora ela também reina em meu lar.
Vovó me disse, no dia em que me deu a cadeira de oração, depois de perguntar se eu queria mais alguma coisa:'leve quando eu me for, foi de sua tia-avó Alice' (tia Vivi). Tia Vivi era irmã da bisa. Uma senhora de olhos bem azuis, que me surpreendeu quando eu tinha uns 12 anos, porque ela acampou conosco. Na minha cabeça era uma surpresa, como a irmã de minha bisa podia acampar? Meu pai a levou para conhecer Itacaré, para dormir na barraca (que era imensa, com tres quartos) e tia Vivi adorou.
Assim, nas pequenas peças de mobiliário, tenho três senhoras que souberam envelhecer e que marcaram minha vida: Bisa, tia Vivi e Nira.
Com Nira, a relação era umbilical. Acho que nunca tinha ficado tanto tempo sem falar com ela. Já são mais de tres meses. Lembro sua voz rouca dizendo: 'Deus lhe abençõe, minha filha'.
E é nisso que penso, quando passo por tantos detalhes espalhados em casa...
terça-feira, 12 de junho de 2012
Dia do Namoro
Eu me dei de presente o KIT namoro... Sem me importar se estou só ou acompanhada, se o meu amor é para sempre ou se vai durar alguns meses, se é um amor profundo ou só uma convivência amigável onde rola sexo, mas o meu namoro passou a ser comigo e tudo ficou mais fácil.
Eu juntei em uma única caixinha pedaços da mulher que se escondeu de mim por décadas.
Antes, na exigência de amores perfeitos e permanentes, eu acabava me 'enquadrando' em padrões pré-estabelecidos socialmente. Rompi com aquela mulher que fui por décadas.
Agora eu me dei de presente uma nova mulher:
Uma criatura livre, que se destina a amar com a mais lúdica das idéias. Ama pelo toque, pelo cheiro, pelo sabor. É paciente e perseverante. Fecha os olhos e se permite. Toca e é tocada com toda a intencionalidade de doação de energia. Não julga. Não obstrue. Não condena. Não interrompe. Não aniquila. Não analisa. Não interfere. Não paralisa. Não oprime. Não se abstem. Não invade. Não dilacera. Não corrompe. Não se farta. Nem se economiza. Se arruma para o ritual com todo o aparato da caixinha: para potencializar o que já está posto. E se entrega...
Eu juntei em uma única caixinha pedaços da mulher que se escondeu de mim por décadas.
Antes, na exigência de amores perfeitos e permanentes, eu acabava me 'enquadrando' em padrões pré-estabelecidos socialmente. Rompi com aquela mulher que fui por décadas.
Agora eu me dei de presente uma nova mulher:
Uma criatura livre, que se destina a amar com a mais lúdica das idéias. Ama pelo toque, pelo cheiro, pelo sabor. É paciente e perseverante. Fecha os olhos e se permite. Toca e é tocada com toda a intencionalidade de doação de energia. Não julga. Não obstrue. Não condena. Não interrompe. Não aniquila. Não analisa. Não interfere. Não paralisa. Não oprime. Não se abstem. Não invade. Não dilacera. Não corrompe. Não se farta. Nem se economiza. Se arruma para o ritual com todo o aparato da caixinha: para potencializar o que já está posto. E se entrega...
quarta-feira, 6 de junho de 2012
A energia do amor
Adoro fotografar casais. Acho que há uma energia só deles, de quem compartilha a mesma mesa, a mesma cama, o corpo do outro, com a intimidade das idéias, a intimidade de sentir que no outro há a confiança da entrega.
Os casais são lúdicos, interagem com a carne mas também com o espírito. Falo de casais que sonham juntos, e que mesmo com as intempéries, porque rusgas, briguinhas e chateações são naturais e necessárias para acender fogueiras, os casais as apagam com mais fogo, o fogo que queima a raiva e acende a paixão.
E minha câmera também adora os casais, em cores quentes, em tons que aquecem a alma.
Eu viveria de fotografar casais...
Essas fotos foram de um ensaio que os amigos Itana e Iran fizeram para o Dia dos Namorados. Eu amei fazer esse trabalho, porque eles se doaram um ao outro e se doaram a mim.
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