sábado, 3 de dezembro de 2011

Na rede da Cultura Digital

Vim ao Rio para o Festival Internacional da Cultura Digital. Sabia que seria interessante, mas não tinha idéia do quanto. Dias de programação intensa. Confesso que teve coisa que eu queria ver e não vi por conta de programação paralela em vários espaços diferentes e até numa certa distância, entre o MAM e o Cine Odeon, coisas que aconteciam ao mesmo tempo, que não dava nem para dar um pulinho (como eu faria se fosse numa sala ao lado). Vi algumas apresentações de projetos super humanísticos, como o dos índios Kaiowás, no MS, que estão usando seus celulares para gravar cenas de violência contra a comunidade indígena e postando na rede. Novas tecnologias contra a opressão! também aproveitam as novas tecnologias para criarem memória e intercambiarem experiências entre comunidades indígenas distantes. PERFEITO! Com alguns projetos, descubro que a mídia locativa e democrática amplia os horizontes de atuação e isso é mágico. E um dos que mais gostei foi o que mapeou todas as manifestações artísticas de São Paulo que ocorriam fora de Museus. O nosso, do Mapeamento Colaborativo do Recôncavo, recebeu muitos elogios. Penso que ele será um sucesso quando todos puderem colaborar.
Ah, a UFRB estava em peso, eu, Fernando Rabelo, Jarbas Jacome, Alessandra Azevedo e Danillo Barata. E com três ações, entre projetos e exposições.
Vi discussões e debates, como o da Unicult, com muita gente, de todo lugar do Brasil. Conheci Messias Bandeira- UFBA, e pedi a ele, que com generosidade me disse sim, a frequentar suas aulas como ouvinte. Pense numa universidade virtual, sem hierarquia, que prega integração dos acadêmicos com tudo o que acontece na vida real, que agrega saberes populares e cultura e valoriza outras formas de aprender que não só o formalismo da universidade que conhecemos atualmente. Pensou? ela está se tornando uma realidade. E quero fazer parte disso. Visualizei uma sala no CAHL que seja para transmissão de Samba de Roda, de Capoeira, com videoconferências, com produções midiáticas, com fulldomes... sonhei? viajei??? penso que não. Porque não é sonhar sozinha. Vi tanta gente falar de rede (e não é aquela que adoro deitar), é a que adoro surfar, é colaborar. Em rede, partilhando experiências, falando dos erros e acertos em metodologias, possibilitamos que outros, que queiram também fazer algo, possam tomar os atalhos e realizar mais rápido, e nessa troca de experiências, acumulamos saberes. Vi tantos falando de mais generosidade, de gente que faz coisas por entusiasmo e paixão. E lembrei de Robinson Tenório, com seus estudos sobre Fraternidade como complemento importante para Igualdade e Liberdade. Vi gente falando de ética Hacker. Lembrei das aulas de Nelson Pretto e Sergio Amaral, em 2009, na Faced-UFBA e UNICAMP. Vi pioneiros importantes da cultura digital, como Benkler e Michel Bauwens, falarem de uma nova economia, de uma mudança de comportamento silencioso, que está crescendo nas novas gerações, que só a inteligência coletiva possibilitada pela rede, pode explicar. Penso que estamos na ERA da cultura digital. E ela agrega todas as culturas, da forma mais democrática. Basta clicar... Vi parlamentares (Alexandro Molon - PT, e Jandira Feghali, do PCdoB), falarem da importância da mobilização, das cobranças aos políticos, que iniciam pela rede, e do político que precisa ter ações mais claras, mais transparentes, porque as pessoas tem como cobrar.
Vi sociedade civil, com representantes de diversos setores, falando da importância da inclusão digital, de como avançar na busca de uma educação digital, porque não basta ter o computador ligado em rede e só saber surfar em facebook, orkuts e msn... E vi um moço, que nem sei de onde é, porque cheguei e ele já falava, de lugares onde meninos não tem certidão de nascimento, mas tem facebook e tem orkut e ali estão sua identidade! e vamos transformar as lan houses em parceiras da revolução. É preciso mostrar os caminhos, mostrar que a internet tem miliuma utilidades. Observei jornalistas multiplataformas. Gente que domina twitter, wordpress, joomla, e tantas outras possibilidades para fazer uma informação diferenciada, diversa, tudoaomesmotempoaquieagora. E quero isso pros meus meninos, meus orientandos. Se eles quiserem, se eles toparem... E foi bom ouvir Sérgio Mamberti (ator maravilhoso e diretor da Funarte), G. Gil (baiano que só nos orgulha), e tantos outros. Foi bom trocar figurinhas, pegar cartões de gente que pode virar parceiro, em projetos do LINKLIVRE. E sabe o que foi melhor? descobrir que o que faço tb conta. Que tb faço cultura digital. Daqui a alguns anos serei uma dinossaura dessa história. É bom surfar nessa onda.

2 comentários:

Bel disse...

De maneira bem simples: Inveja define!!!

Estou pensando seriamente em fazer um esforço e me inscrever como aluno especial no doutorado da UFBA... vc me ajuda???

Bjoooo

Laís Sousa disse...

E eu só tenho que dizer que como orientanda eu quero muito e topo tudo... (rs)
Apesar de não ter ido ao Rio, pude ter uma bela perspectiva por teus olhos. Parabéns, e fazamos juntas história digital!