quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

E o Rio de Janeiro continua sendo...

Tenho uma relação de muito carinho com o Rio. É uma cidade maravilhosa em sua essência e por mais que tenhamos a percepção dos conflitos, do estado de alerta, ainda assim, é tão bela. Fiquei no Rio durante quatro meses em 1998. Recém formada, ainda sem diploma, andava muito com o Marcus Aurélio, da CBN, super ativo na UNIRR e o acompanhei diversas vezes, ao Instituto de Cegos, na Urca, quando da instalação de uma rádio. Também paquerava a redação do JB (Jornal do Brasil), nas poucas e maravilhosas tardes em que lá estive, com Flávio Rodrigues, que me hospedou em dois, dos quatro meses de vida carioca. Era uma época rica. No JB, vendo Evandro Teixeira, grande fotojornalista, e um time 'de primeira', daquela casa que era, tradicionalmente, berço do bom fotojornalismo. E nas reuniões da casa de Flarod, com Rogério Reis, Arthur Max, Rogério Madureira (amado) e tanta gente legal.
Tudo teria dado certo, penso, entre eu e o Rio, se o sindicato dos jornalistas não tivesse me 'convocado' a dar explicações sobre a possibilidade de trabalhar no estado, sem o diploma (fui da terceira turma da UFMS e o curso ainda estava em processo de reconhecimento _ levou oito meses para sair meu diploma). E acabei abandonando o sonho de viver no Rio. Depois voltei, em 1999, para pouco mais de um mês na Globonews, em intercâmbio. Repórter do interior, fiquei encantada com o Teatro Municipal. E com sorte de principiante, fui a muitos lugares legais, na condição de repórter, com direito aos bastidores de eventos... Foi quando conheci alguns centros culturais, a Biblioteca Nacional, Museus, Quinta da Boa Vista, Jardim Botânico... E me apaixonei de vez. Pensei que era uma cidade perfeita para envelhecer. Depois estive apenas uma vez, mas fiquei em Niteroi, na época de um evento midiático, já como professora da UFRB. Pois nesta semana do Festival Internacional da Cultura Digital, respirei mais do Rio. Nunca tinha me dado conta da riqueza da Biblioteca Nacional (que é a oitava do mundo em quantidade de livros), mas uma visita (guiada, desta vez), me revelou algo que muito me impressionou: quando da fuga da família real para o Brasil, em 1808, vieram na bagagem cerca de 60 mil livros. E em seu retorno, Dom João disse: deixo aqui meu filho e meus livros, tamanho era o grau de consciência dele quanto ao tesouro que carregava. E são mesmo, livros a peso de ouro: Há dois exemplares das primeiras Bíblias tipográficas, de 1462. Há um pergaminho do século XI, com os quatro evangelhos escritos em grego, e a primeira edição dos Lusíadas de Camões, de 1572. Partituras orginais de Beethoven e Mozart... tudo isso faz dela um lindo Museu. Mas apenas para pesquisadores autorizados. Essas obras são guardadas a sete chaves e em ambientes super controlados quanto a climatização, segurança e oxidação, etc. etc. Confesso que fiquei de queixo caído e orgulhosa, porque penso que cada brasileiro é dono desse tesouro. Que sorte a nossa quando Napoleão decidiu atacar Portugal (rs). Também fiz visita, depois de onze anos, ao Museu de Belas Artes, e gostei muito da exposição Guilda de São Francisco, que reúne o trabalho dos artistas Cláudio Valério Teixeira, Celio Belem e Milton Eulálio. Eles apresentam seis telas feitas a seis mãos, nas quais usam como cenário cartões postais do Rio e Niterói. Voltei também ao Centro Cultural do Banco do Brasil, que estava com uma exposição sobre a India, belissima, com tantos artefatos, exibição de filmes de Bollywood, contextualizam a cultura antiga e moderna no país e revelam hábitos e toda a história religiosa que é coluna vertebral daquela sociedade. E por fim, no Forte de Copacabana, um lugar que nunca tinha ido, apreciei a paisagem.. ô Rio de paisagens lindas. Depois mergulhei no Festival e não vi mais nada... e penso que o Rio tem tantas possibilidades. Já sinto saudade dessa cidade que respira cultura.

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