Caritó, para quem não sabe, é a pequena prateleira no alto da parede, ou nicho nas casas de taipa, onde as mulheres escondem fora do alcance das crianças, o carretel de linha, o pente, aquilo que não se alcança.
Moças do Caritó se diz das solteironas, antes por falta de opção, por não serem notadas, por terem pais exigentes que não as deixavam ser vistas, que não tinham atrativos... enfim, eram muitos os motivos que podiam deixar uma moça no Caritó.
Eu nunca fui de ficar numa prateleira.
Tive namorados que duraram muito. E tive conversas sobre casamento, inclusive com o pai de meu pequeno, usei aliança de noivado. Mas eu sou fruto de uma geração que viu pai ser servido o tempo todo por uma mãe que tinha tripla jornada. Meu pai, por muito tempo, foi o provedor, e isso lhe dava o direito de reclamar se a casa estivesse com algo que não concordasse.
Depois, convivendo com amigas casadas, vi reclamarem de tampas de vaso com pingos de xixi, cuecas espalhadas e casas que tinham dono e senhor.
Como desde muito cedo (16 anos), eu já trabalhava e tinha o meu dinheiro e aos 25 já tinha minha primeira casa própria, eu sempre acreditei que dominaria o meu castelo, sem a necessidade de homem para mantê-lo. Sem contar que eu tenho os meus dias de caverna, onde eu não quero ver ninguém e isso inclui namorado e afins...
De modos que eu não acredito nesse casamento tradicional. Essa fórmula que me apresentam nunca me pareceu mágica para durar muito tempo ou manter a magia de relações que tendem a se desgastar. Por isso sempre esfriei com baldes de gelo aqueles que me chamaram para casar.
E como explicar isso a um guri de 8 anos que quer me por nos moldes das tias e da madrasta? que tem em suas referências um monte de mulheres acompanhadas de seus maridos?
Contei o episódio a meus irmãos e foram unânimes: estou passando a imagem de uma mulher diferente, talvez 'des-referenciada' para o meu filho. Por isso dialogar é muito importante. Ele precisa compreender que casamento não é uma instituição obrigatória para as pessoas. É opcional.
Caritó, no meu caso, é uma casa só minha, onde recebo quem quero e a hora que quero, com direito a vaso sem pingos de xixi, sem cuecas espalhadas e onde um homem entra sabendo que ali tem uma dona e senhora.
3 comentários:
Só digo uma coisa:
BOTOU POCANDO!!!
Beijoooooooo
todo dia eu tava pensando em voltar a comentar aqui (comentar às vezes dá preguiça, mas eu bem sei que é o salário do blogueiro!)
sabe, Alene? você é uma mulher corajosa, e não vai mudar seu jeito pq o padrão te pede outra coisa.
parabéns por assumir suas escolhas com pulso, firmeza, e naturalidade.
Ainda pensa da mesma maneira,às vésperas de 2019?
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