domingo, 28 de agosto de 2011

Afinar o instrumento

Penso que a música é uma comunicação com o cosmos. Quando colocamos onda melódica no ar, falamos diretamente com tudo o que tem vida ou que vibra e isso significa comunicação com todo o sistema que nos rodeia.
Ontem eu me senti numa comunicação plena, talvez porque fosse uma data especial, 12 anos de comemoração do Projeto Jamnomam (quando o Jazz encanta a platéia e músicos podem dialogar com os temas propostos e cada apresentação é única), ou ainda talvez porque eu nunca tinha visto tanta gente junta, naquele lugar lindo que é o Solar do Unhão, que abriga um patrimônio material esplêndido (quando concentra prédios antigos, restaurados), em área tão bonita da Baía de Todos os Santos, ou porque abriga o Museu de Arte Moderna e tudo isso, juntomisturado, faz ficar ainda melhor. Ou porque esse público estava radiante, enfrentando filas quilométricas com a maior boa vontade para pagar um valor tão simbólico (5,00 inteira e 2,50 meia - sendo que estudantes, professores, jornalistas, maiores de 60 e menores de 8 pagam meia - meio mundo!) ou porque e finalmente porque, a noite reservava, além da maravilhosa banda do Jamnomam, comandada por Ivan Huol, havia ainda a participação de músicos do Julliard School, de Nova York e a excepcional apresentação em Jazz da OSBA (Orquestra Sinfônica da Bahia).



Eu e Aless, que chegamos pouco depois das 18h, fomos cavando um espaço e acabamos na primeira fila, sentadas no chão, bem de frente para todo esse espetáculo, babávamos, literalmente, com os repertórios, com os instrumentos, com a energia, com os músicos... que prazer. Aliás, prazeres! o Maestro da OSBA, Carlos Prazeres, é um elemento a mais. Como expressa seu nome, segundo o Simão, na Bandnews, é um predestinado. Traz esse 'prazeres' desde o berço para nos dar simpatia, talento e uma comunicação fácil da música que sempre foi considerada de elite e ainda agrada nossas pupilas: o moço é um fofo!
Chegamos as 18h, saímos as 22:15h, depois de afinar os instrumentos da nossa alma, adoçar a semana e achar que a Bahia pode ser mais que axé, pagode e arrocha. Aliás, o Secretário de Cultura, Albino Rubim, estava lá, o que achei tão simpático da parte dele, sentadinho num daqueles banquinhos duros, apreciando tudo e pelo olhar e sorriso, parecia prometer que aquela noite mágica teria outros capítulos. Eu muito o agradeceria. Acredito que todo aquele público também.
A gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte...

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