sábado, 20 de março de 2010

Talento dos mestres

Ontem fui ao Centro Cultural da Caixa, na Carlos Gomes. Numa sala para 80 pessoas, com a acústica maravilhosa, assisti a um concerto de João Carlos Assis Brasil. Aos 64 anos, o pianista tem nos dedos a velocidade da eterna juventude dos mestres, uma criatividade para improvisar e o talento para impressionar os simples mortais, que, como eu, só podem apreciar um instrumento, por total falta de intimidade com as cordas, teclas ou mesmo, o couro dos pandeiros. Não toco nada e por isso talvez, me emociona tanto ver alguém dominar tão bem um aparato musical: pode ser até um triângulo, se bem tocado, faz uma diferença... 
Assis Brasil tocou tributos a diversos autores, entre eles Tom Jobim, Ernesto Nazareth, Cartola..., improvisou um 'pout pourri' de clássicos do cinema, brincou com três notas que a platéia sugeriu e nos brindou com o hino do Senhor do Bomfim, dizendo que adora tocar em Salvador. 
Batemos palmas três vezes e ele voltou nas três. Por fim, disse que estava cansado, mas ainda tocou 'fascinação'. É um mestre que realmente fascina. 
Eu, que moro no interior durante a semana, só soube do concerto porque um amigo que adora eventos assim, soube e me avisou. Mas quem não tem grana para viajar e mora no interior, talvez viva uma vida e nunca veja um talento desses de perto. 
 Temos fome de cultura e que ironia, o ingresso foi um kilo de alimento. Hoje e amanhã ele repete a dose, sempre às 20hs. Mas é preciso garantir o ingresso horas antes. Eu acho que fomentar a cultura, dessa forma, fosse talvez a melhor política social para o Brasil. Não tem como sair de um espetáculo desse e não achar que o humano é um ser potencialmente divino sobre a face da terra.

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