quinta-feira, 29 de junho de 2017

Escola de verão, sessão de mentoria e solidariedade na pesquisa

A Sociedade Portuguesa de Ciências da Comunicação, a Sopcom, realiza há três anos um evento dedicado aos doutorandos em início de pesquisa. Faz parte das ações do GT Jovens Investigadores. Este ano, para minha sorte, foi realizado no Porto, na Universidade Lusófona.




Mesmo mancando, lá fui eu. Participei de workshops, palestras e sessões de mentoria.  A troca de experiências, as dicas sobre importantes autores e teses, o encontro com quem pesquisa objetos que tem certa proximidade com o nosso. Tudo muito interessante para quem está iniciando a pesquisa.
A sessão de mentoria da qual eu estava inscrita, foi coordenada pelo Professor Rui Pereira, que fez uma explanação maravilhosa sobre a necessidade de pensarmos o doutoramento como uma grande aventura na busca do conhecimento.

sexta-feira, 23 de junho de 2017

Meu São João de frustração

As festas juninas tão populares no nordeste do Brasil, cá são muito parecidas. Desde que eu cá estou, ouço falar do São João em Porto, com sua festa na Ribeira e em Braga, com suas manifestações de rua. Então havia grande expectativa.
Em Braga eu fui no primeiro dia de festejos. Vi como o centro da cidade estava bonito, decorado.

A avenida central é sempre palco de muito cuidado por parte da administração pública. Vi o primeiro show. Vi um cortejo de cabeçudos e fantasiados. Fiz umas fotos.







Mas daí que eu caí, me machuquei, não pude ir outros dias, e olha que foram mais de dez dias de festa!  e fiquei de 'molho', em casa, sem ver nada. Só restaram as fotos...



sábado, 17 de junho de 2017

Motorizada em Braga

Eu já comprei dois carros em menos de um ano em Braga. E eu nem pensava em dirigir por cá.
Mas pensando em melhor me locomover, pois aluguei uma casa em um local que não tem transporte público perto, acabei comprando um primeiro carro para ajudar uma amiga, que estava indo embora.
O primeiro carro eu paguei dois mil reais para a minha amiga, na época, o equivalente a 550 euros. Era uma carro ano 1986. Isso mesmo, um carro com 30 anos (foi em dezembro de 2016).
Super bem conservado, com 56 mil km rodados. Todo arrumadinho, com vidros elétricos, 4 portas!

Mas era um carro duro de dirigir, um freio de mão que eu mal conseguia baixar e havia um problema no reservatório de água, tinha que completar todo dia. Então não gostei e acabei vendendo para um português que gostava de carros antigos, mas ele só me pagou 400 euros. Ai prejuízos!
Meses depois, cansada de esperar ônibus em um ponto a 800 metros de minha casa e de pagar taxi em dias de chuva e frio, eu comprei um carro ano 1996, com 270 mil quilômetros rodados. Isso mesmo. É um carro velho. 270 mil. Eu o comprei apenas para andar dentro da cidade onde eu moro.
Uma curiosidade, Em Lisboa o meu carro é proibido de trafegar. As regras da União Europeia proíbem veículos velhos de trafegar em cidades grandes, por conta do excesso de gases tóxicos emitidos por esses carros mais velhos.
Na verdade, eu comprei o carro já pensando no próximo inverno. Porque no inverno fica bem complicado transitar pelas ruas. O frio e o vento cortante são desencorajadores. Então para ir à Universidade e a um mercado fazer compras, o carro é um bem muito útil.
Neste último carro eu paguei 430 euros, mas ele estava com problemas sérios e não passou em um exame de verificação obrigatório e eu gastei mais 270 euros para consertar o que estava complicado e ele passar no exame. Ai prejuízos!
Cá, é possível comprar carros velhos mas em bom estado, desde que não se exija tanto do veículo. Alguns colegas meus, compraram carros por mil, mil e duzentos euros, o equivalente a 5 mil reais. mas são carros ainda muito bons para rodar e poder viajar.
O diferencial aqui, em carros velhos, é a forma de manutenção e a gasolina que é consumida pelo povo português. Uma gasolina de alta qualidade. Meu carro, por exemplo, faz mais de 16 quilômetros com um litro de combustível, na cidade. E na estrada, nas poucas vezes em que ousei sair de Braga, fez mais de 20 quilômetros com um litro. É um carro da marca fiat, um punto, 1996.  Ele é carro simples, de direção manual, não tem alta tecnologia. Mas a boa gasolina ajuda a manter a vida do motor.
Outro diferencial é o asfalto bom. Isso conserva o veículo. Aqui paga-se um imposto sob circulação mas se vê o resultado. O IUC é um imposto anual, eu paguei 38 euros de imposto.
Há ainda mais um diferencial. Todos os anos o carro é obrigado a passar por um exame de verificação de suas condições de segurança, onde se avalia tudo. Esse exame emite uma certificação e quando a polícia rodoviária nos para, em blitz, pede além dos nossos documentos, os documentos do carro, que inclui o resultado desse exame e também um seguro, que é obrigatório e que cobre as despesas de uma batida com outrem ou de um atropelamento. Se a pessoa não tiver esse seguro e essa carta de certificação do carro, o carro é apreendido e pode perder seu direito de dirigir.
Por isso fazer uma revisão geral anual e colocar o carro em funcionamento total é uma obrigação. Isso garante que o carro receba uma manutenção periódica. Vê-se muito carro velho na rua, mas difícil ver carro parado porque quebrou. Eu vi pouquíssimos em um ano.
É interessante perceber como algumas questões simples dinamizam a vida do cidadão. No Brasil todo mundo quer ter carro com menos de dois anos de uso. Aqui ninguém tem vergonha de ter um carro com dez, quinze, vinte, trinta anos de uso. Aqui orgulham-se de saberem conservar seus carros, a ponto de o veículo ser velho mas bom.
E com isso, ter um carro é algo muito acessível.
E com regras rígidas, com muitos radares espalhados, com muitas faixas para pedestres, com muitas passarelas pela cidade, percebe-se que o sentido de país que prioriza o cidadão, o ir e vir, o cuidado com o outro, é muito presente aqui em Portugal.
 Eu fiz exames de condução para transferir minha carta brasileira para uma carta portuguesa e algo que me chamou muito a atenção foi a preocupação com as faixas, o respeito ao pedestre e também, um sentimento de aguardar a sua vez sempre, no trânsito. Os apressadinhos cá não tem vez. Ninguém sai cortando faixa num engarrafamento. Ninguém tenta avançar sobre uma preferencial. O aguardar faz parte de uma obrigação moral. As rotatórias aqui, chamadas de rotundas, tem regras muito rígidas.
Estar aqui me deu uma sensação do quanto estamos atrasados no Brasil, na forma de lidar com as questões de trânsito, de tráfego e de propriedade de um veículo. Com certeza eu vou voltar muito mais consciente de preservar um veículo e do quanto essa cultura do carro novo é boba e só faz com que tenhamos cada vez mais gente ostentando veículos sem necessidade.

segunda-feira, 12 de junho de 2017

Os amores inventados

Hoje é o dia dos namorados no Brasil. Meu primeiro dia sem namorado em cinco anos... Por isso, uma reflexão.
Há períodos que precisamos inventar um amor. Vivi um longo período assim. Andava triste, sem me apaixonar há um bom tempo, achava a vida tão sem graça. Mas então que conheci alguém interessante, cativante e bom de conversa, com uma energia de alegria que tinha muito a ver comigo. Ele se dizia carente de amor, que precisava também viver algo especial. E criamos um universo só nosso, capaz de nos enganarmos de tal forma que nos vimos apaixonados. Por causa desse amor eu fiz uma revisão na forma de lidar com filho, com família, com trabalho, com dinheiro. Aprendi com ele a ser mais voltada para mim e para nós.

E foi muito interessante mudar. Vivi experiências diferentes do dia a dia, apenas por enxergar o mundo do outro, como nunca tinha feito antes.

Mas a minha forma de amar incluía fidelidade e a dele, não. Incluía sonhos conjuntos, e a dele, não.
Eu percebia as distorções, mas estava tão crente no universo criado que meu ego se fortaleceu a tal ponto,  que eu me imaginei poderosa a ponto de mudar o outro, de torná-lo fiel ao que eu acreditava.

Não enxerguei as falhas de roteiro, os dramas desnecessários, não enxerguei as mentiras. Penso que eu me iludi na ideia maravilhosa de viver, em vida terrena, o mito da alma gêmea.

Demorei a ver em que peça havia me enfiado, com um papel distorcido. Era um amor inventado por mim e mantido pelo outro, pelo papel cômodo em que ele se encontrava, de me enganar de forma tão perfeita, que se viu acomodado, acreditando que o cenário era bom para mim e para ele.

Mal sabe ele o quanto fez mal a nós dois. Virou uma relação intoxicante. Sempre com o mesmo desfecho. Eu descobria algo que significava traição, ficava com raiva, terminava, e lá na frente, cheio de desculpas, de juras, de promessas de mudança, ele voltava e eu acreditava em novo enredo. E os ciclos se repetiram. Em mais de cinco anos foram três separações e retornos. Uma delas levou horas. Outra levou alguns dias. A última vez levou dois meses. Em todas nós voltamos. E o ciclo se repetiu.

As vezes temos a sensação de que fracassamos quando um amor acaba. Ele dá certo por um tempo pequeno, quando acreditávamos que duraria uma vida. E com medo do nosso fracasso, ficamos a  manter algo que não é saudável.
Enfrentar o vazio que a perda produz é muito complicado. Na verdade, eu sentia que precisava me sacrificar, ou então eu perderia a oportunidade de construir a melhor história de amor da minha vida, mas percebi que meu sacrifício era, ao mesmo tempo, uma crueldade comigo.
Eu tinha que conviver com alguém que se acostumou a me machucar, que agia de forma duvidosa e no fundo, devia rir de mim todo o tempo, consciente de que nada nunca mudaria. Minha auto estima ficou gravemente abalada.
Mas além de um sofrimento real, percebi que eu havia inventado um amor para meu ego. Este amor, que não era amor de verdade, fez-me perceber que sou capaz de amar muito, de fazer concessões, de rever minhas atitudes equivocadas. Foi uma história que me fez crescer como pessoa, que me fez perceber rotas de fuga improdutivas e rotas extremamente produtivas, que me fez rever minha postura com relação à minha vida profissional e espiritual. Ele me fez melhor em diversos aspectos e isso eu o agradeço muito.

sábado, 3 de junho de 2017

O Vinho Verde da canção

Quando mais jovem, escutei um dia a canção que dizia:  "vamos brindar, com vinho verde pra que eu possa cantar, canções do Minho que me fazem sonhar, com o momento de voltar ao lar"

E nunca, nunca, antes de 2015, pensei que um dia cantaria essa música com sentido inverso ao cantor. Muito embora não sinta saudades desse Brasil tão complicado, sinto saudades do lar.


Na noite deste sábado, fui conhecer a Feira do Vinho Verde em Braga. Provei diversos vinhos produzidos na região do Norte. Brindamos e celebramos com amigos, e a cada brinde essa música parecia ressoar em minha mente.