segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

Como estão os seus segredos?

 Segredos. Quais estão indo para o túmulo quando você se for? o que fez e nunca disse a ninguém? quem você amou que nunca saberá? Enfim... você já pensou se há algo que gostaria que fosse revelado à outrem com a sua morte?

Fiz meu testamento em outubro de 2020. E tenho procurado dizer a Arthur como quero meu funeral, caso não morra de alguma doença infecto-contagiosa e nem funeral tenha. Ah, tempos de covid. 

No leito de morte de meu pai, já sentindo que o tempo dele se esvaía, aproveitei aquelas últimas horas para relembrarmos coisas de minha infância e adolescência e como eu não tinha segredos para ele, eu acabei contando um segredo de meu irmão. Em um primeiro momento, não sei porque agi daquela forma e fiquei com receio do meu irmão não gostar. Mas não, quando soube, meu irmão me agradeceu. Meu irmão não estava perto, só chegou na cidade após o falecimento. E vi nos olhos dele que foi um alívio eu ter contado. Naquele momento era um grande segredo, depois se tornou público. Era o nascimento de um filho fora do casamento. Era importante compartilhar com meu pai. Era mais um neto. E eu o fiz.

E fico sempre pensando, quem mais deveria saber sobre sentimentos e ações da minha vida, que não sabe?

Acho que refletir sobre isso me leva a escrever. Foi por este motivo que este blog foi criado. Foi uma forma que encontrei de falar de muita coisa para o meu Arthur pequeno, como se ele já fosse adulto e pudesse me entender.

Um dia eu espero que ao ler o que aqui se encontra nos anos de 2008 a 2015, ele possa dialogar com a minha forma de pensar, caso eu não esteja mais no plano físico.

Penso que todo pai e mãe de filho pequeno deveria ter uma forma de deixar claro o que pensa da vida e de questões importantes, como ética, política, relacionamentos, etc.

As vezes convivemos com pessoas que amamos mas não deixamos claro o que pensamos de assuntos realmente importantes para nós, com medo de ferir, de machucar, de ser de uma opinião contrária.

Ou ainda com medo de exposição demasiada, de uma crítica, enfim. Como é inevitável, pense sempre naquilo que deixou de falar, de contar e se isso faria diferença na vida de alguém. Se a resposta for sim, encontre uma forma, nem que seja quando o inevitável acontecer, daquela pessoa saber.


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