segunda-feira, 19 de outubro de 2020

Viver perto do Velho Chico, uma experiência fantástica

Final de 1998, com um ano de formada em Jornalismo pela Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, o meu desejo era voltar para a Bahia e trabalhar no mercado da comunicação social do estado. Eu tinha tido experiências em três emissoras de televisão, uma em Mato Grosso e duas em Mato Grosso do Sul, ainda como estudante, e experiência em rádio. No ano de 1998, alguns meses de uma experiência incrível no Rio e trabalhos em campanha eleitoral e assessoria política em MS, mas a vontade de voltar para minha terra era profunda. Então no dia 01 de novembro de 1998 eu cheguei em Juazeiro, para assumir o meu primeiro emprego em TV depois de formada.

Eu me lembro da cor do Velho Chico naquele período, era como ver o mar. E eu fiquei logo apaixonada pela Orla de Juá e de Petrolina também.

Na TV Norte eu fiquei por quase dois anos. Foram memoráveis. As descobertas que eu fiz, cada vez que ia ao interior do município fazer reportagens: que povo lindo, o povo sertanejo! Aprendi a admirar a força, a coragem, a gentileza, a humildade e a esperança do povo do sertão. As comidas, como eu gostava de fazer matérias sobre receitas. Comi bode de tudo quanto é tipo, que maravilha. O Bodódromo de Petrolina. As frutas da irrigação, que doçura, nas dezenas de reportagens que fiz na Embrapa e nas propriedades dos pequenos produtores dos projetos irrigados de área federal, onde conheci pessoas tão lutadoras e tão generosas. Como eu ganhava presentes: mangas, goiabas, cebolas, umbu, eu ganhava de tudo. E um dia ganhei rosas e chocolates por conta de uma reportagem linda que conseguimos colocar no Globo Rural.

As oportunidades que a TV Norte me deu foram muitas, pois nossa equipe colocou muitas reportagens na Globo News, no Globo Rural e no Jornal Hoje. Fui ao Rio de Janeiro com o querido Ailton Nery, o repórter cinegrafista talentoso que comigo foi sempre uma parceria harmoniosa, e ficamos por lá por pouco mais de um mês a fazer intercâmbio, a aprender, mas também a mostrar que no interior tínhamos bom texto, bons profissionais de reportagem e imagem. Inclusive me questionaram se eu não tinha interesse em ir trabalhar no Rio, em tentar algo por lá. Escutei de várias bocas: nem sabia que no interior da Bahia tinha repórter já prontinha para trabalhar em rede. Quê? uma Universidade Federal forma repórter para trabalhar em todos os cantos. E a minha escolha era o interior.  





Da TV Norte trago saudades no meu coração. De ter conhecido e entrevistado Manuca, meu poetinha da alegria, da irreverência, que brincava com as palavras, de quem ganhei livro autografado. 

Também vivi a experiência de entrevistar outros artistas que eu admirava, como Belchior, Alceu Valença, Zé Ramalho, Djavan, Zélia Duncan e tantos outros, pois aquela região de Petrolina e Juazeiro recebe muitos artistas em festas maravilhosas.  

Saudade de ter convivido com profissionais que admiro e sou amiga até hoje, como a querida Sibelle, comunicadora cheia de brilho e sabedoria.

Sinto que sou quem sou na atualidade porque vivi e me banhei no Velho Chico, e fui uma profissional muito feliz na TV que me acolheu quando recém formada e me proporcionou experimentar no telejornalismo a criatividade e a alegria que me vai na alma.

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