quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Gavetas e intimidade

Uma amiga perdeu a irmã em um acidente de carro. O cunhado a chamou, semanas depois da morte, para limpar o armário, doar roupas, limpar gavetas do escritório, do quarto e do banheiro. A minha amiga me contou que se sentiu invadindo a intimidade da irmã e que, nas gavetas, encontrou objetos que davam pista do quanto havia coisas que desconhecia da própria irmã. 
Isso me fez pensar muito. Fiquei pensando em minhas gavetas, em minhas caixinhas, em meus cadernos e agendas antigas. Fiquei pensando em, caso eu morresse, quem limparia minhas gavetas e que tipo de intimidade eu revelaria.
Fiquei pensando no quanto pode ser constrangedor ser chamado para limpar gavetas de alguém e se estamos preparados para tal tarefa. E me dei conta que há poucas pessoas que eu gostaria que tivessem acesso à minhas gavetas.
Eu me dei conta de que, em minha vida, há objetos que guardo que não necessariamente revela algo que faça sentido a outras pessoas. Percebi que tenho objetos que estão comigo há anos, e que se alguém for limpar as minhas gavetas, há de jogá-los fora, porque eles não possuem significado explícito do valor afetivo que têm. Fiquei pensando que há objetos velhos que eu estou apegada que irão para o lixo por qualquer pessoa que se depare com eles. E percebi que, por mais que eu goste do que eu acumulei em minhas gavetas, nada, absolutamente nada, me pertence de verdade.

terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Vizinho inconsequente

Eu vivo rodeada de aparelhos que liberam veneno, com medo de ter dengue pela segunda vez, com medo de zica...
e meu vizinho, um cidadão que aluga seu terreno para que barraqueiros de praias guardem tranqueiras, pouco se importa como as tralhas são guardadas. É só chover que os mosquitos aumentam e vejo minha casa invadida pelos voadores vetores de doenças. Olha o estrago que é o terreno, cheio de criadouros...





segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

O menino 100%

Hoje fomos, eu, Arthur, minha mãe, Cris e Lia à escola de Arthur, convidados pela Direção, para uma conversa sobre ele e o o futuro dele. Ele nem sabia do que se tratava, mas nós tínhamos sido avisados de que era o resultado de um concurso interno de bolsas.
Aqui faço um parêntese longo para contar que, ao decidir por esta escola, na qual tive muito receio, Cris apostou alto em Arthur.
Cris sempre bancou as mensalidades, eu ajudo com uniformes, livros e material, pago plano de saúde, dividimos roupas e sapatos, além de comida, passeios, etc.
Mas diga-se de passagem, escola sempre foi o custo mensal mais alto dessa conta chamada filho, desde que ele deixou de ter babá e que deixamos de morar no interior, quando eu bancava gasolina para vir trazer Arthur para Salvador e ficar aqui com a família do pai.
Pois bem, escola de referência, dentro de Villas do Atlântico, onde Arthur fazia, além das aulas normais, judô (onde competiu em uma etapa do circuito baiano, pela seleção da escola), xadrez, inglês e ainda participou de olimpíada Canguru de matemática (ficou com medalha de bronze) e de astronomia. Fez peça de teatro e formou um grupo bem legal de amigos.
Cris apostou alto, porque eu fui a primeira a questionar se valia a pena pagar quase o dobro do que ele pagava no ano passado.
E valeu.
Para 2016 já estava decidido por Arthur, e só por ele (porque eu e o pai não impomos nada, é ele quem escolhe), fazer espanhol e curso livre de teatro. Penso que é coisa demais, porque ele também é escoteiro.
Mas filho único, de mãe que trabalha no interior e que só fica comigo de sexta à domingo, e durante a semana fica boa parte do tempo na escola, pensei: ' prefiro na escola do que dentro de casa, conectado à internet ou videogame'.
Pois bem, todo esse parêntese é para contar que hoje, em uma reunião com um dos coordenadores da escola, recebemos a notícia de que ele fez 100% da prova classificatória que dá direito a uma bolsa de estudos até o terceiro ano do ensino médio.
Imagina a alegria de Arthur e de Cristiano.
Cris, porque sabe que a boa formação está garantida e com economia, a partir de agora.
E Arthur, porque o molequinho, espírito antigo, adora saber que deu conta.
Não com orgulho ou soberba, apenas para confirmar que sabe, que detém conhecimentos, conteúdos e põe à prova aquilo que estuda e compreende.
Eu, que também estudei com bolsa 100%, também resultado de mérito, por ser a melhor aluna da escola naquele ano, desde à quinta série ginasial até o terceiro ano do segundo grau, na Ação Fraternal de Itabuna, sei que não tem nada mais legal que sentir que contribuímos com nosso pai e mãe, pelo esforço dedicado em algo que nos é cobrado, como estudar e aprender. Sei do gostinho do meu pequeno, em testar-se a si mesmo, como alguém que demonstra responsabilidade e começa a colher vitórias.
Meu menino 100% é merecedor do meu 'PARABÉNS' fiotin, que me enche de orgulho e de prazer.



 

sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

O Natal do meu menino

Esse foi um natal atípico para Arthur. Por doze anos, na verdade treze, pois ainda na barriga, Arthur passou os natais em grandes grupos, 12 deles com a família de Cris, e um natal (o de 2006), com minha família em São Félix, assim que comecei a trabalhar no Recôncavo.
No ano passado, por conta da minha necessidade de vidas separadas das famílias paterna e materna dele, Arthur passou com o pai. Casa cheia. A escolha foi dele, no ano passado, e eu respeitei. Passei sem meu filho, em um natal onde meu maior sentimento foi de vazio e solidão.
Este ano, era a minha vez. A presença dele, comigo, faria a diferença e por conta disso eu arrumei a casa com carinho, fazendo um natal decorativo mais colorido, mais cheio de detalhes, me animei a arrumar meu prédio, e, no dia,  fui para a cozinha fazer tudo o que meu menino sentisse prazer em estar comigo nesta data especial.
Comprei o presente que ele queria, minha mãe veio passar conosco, e fizemos algo para poucos mas com muitos significados.
Minha mãe até trouxe um velho boneco que tenho, meu maneco, que ganhei ainda menina, e o transformei em o bebê Jesus, aniversariante do dia.
No dia 25, a data símbolo,  fizemos uma meditação, falando da importância desse aniversariante para a humanidade.
E na ceia, sentadinhos à mesa, Arthur falou que nunca tinha visto um Natal tão significativo. Penso que grupos pequenos também podem fazer a diferença. Antes achava que tudo só tinha graça com muita gente.

domingo, 20 de dezembro de 2015

Desejos para 2016, parte I

Dia desses, não faz muito tempo, senti vergonha de ESTAR mulher. Numa atitude preconceituosa, descobri que a mulher contemporânea, independente e desinibida, é um ser muito parecido com o homem (por quem detenho enorme preconceito - mea culpa).
A mulher moderna larga a casa e filhos com empregadas e babás e chega cansada à noite sem disposição e saco para lidar com pequenas coisas domésticas. Igual ao homem.
A mulher independente tem seu próprio dinheiro e fica cada vez mais consumista, valorizando roupas, as últimas novidades estéticas para os cabelos, rosto, pele, seios: dos cremes às intervenções cirúrgicas, tudo é moda. Com o homem só muda os objetos de desejo: carros, motos, barcos, aviões, mulheres e bebidas.
A mulher desinibida não quer saber mais quem é o indivíduo que adentra sua vida. Sem dar tempo ao tempo, ele conhece seu corpo e sua cama, e vai embora do mesmo jeito que chegou sem nada acrescentar. Nem vou comentar isso com o sexo masculino, seria lugar comum...      
Vejo essa mulher do século XXI todos os dias à minha volta. Foram dezenas de anos, no século passado, para a produção desse ser que hoje está preenchendo os espaços sociais com uma ânsia louca, que só se explica pelo tempo de anonimato forçado, imposto pelo sexo oposto.
Mas o que nos custou essa liberdade tomada aos gritos e lágrimas, sem nenhum momento de reflexão?
Nossas adolescentes não conhecem nenhum tipo de pudor, NUDES virou moda, vitória do corpo, estamos com os mesmos hábitos dos homens, mas em compensação, nossas jovens não sabem o que é a conquista e o romance, nossas coroas estão cada vez mais solitárias, desambientadas e confusas, entre a mulher antiga e a mulher moderna. Vivemos um conflito interno presente entre os pares do nosso próprio sexo.
Conheço muitas mulheres com esse sentimento de perda, essa vergonha preconceituosa. E a grande pergunta é: como educar nossas meninas?
Não existe manual, mas existe bom senso. É preciso uma reflexão acerca do que queremos para o futuro se faz necessário. Queremos mulheres diferentes dos homens ou iguais? Ainda temos tempo para reformar, mas antes de tudo, retomar certos valores femininos, não nos submetendo ao machismo, mas sem perdermos nossa essência? a nossa independência passa mesmo pela igualdade de atitudes? Os homens não estão errados, e não seria eles que deveriam se feminizar e harmonizar com nosso jeito de ser? Como ser moderna sem ser indiferente? Como ser desinibida sem ser vulgar?
A todas as mulheres, um resgate da nossa feminilidade e do nosso feminismo sadio, é o que desejo para 2016.    


quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Dez anos de UFRB

Linda festa de comemoração. Fiquei feliz de reencontrar os amigos, colegas com quem convivi a partir de 2006, quando entrei na UFRB e fui gestora da Ascom. Estive por 4 anos, em uma atividade que me permitiu conviver e conhecer bem a universidade. Sinto saudades, apesar de ter sido um tempo de muito trabalho, em que minha saúde ficou muito comprometida.
Hoje vejo que eu pude contribuir com essa universidade maravilhosa que cresce e oferece cada vez mais oportunidades ao povo do Recôncavo. Orgulho demais de ser UFRB.

Olha o video do I Reencôncavo, que coordenei com Prof Geraldinho